Livros

Título: MINHA VIDA FOI ASSIM
Autor: Raul Guilherme Branchi

ISBN: 978-65-88865-50-7

Formato: 14 x 21
Páginas: 70
Gênero: Crônicas  Memórias
Publicação: Bestiário / Class, 2021

Entre a crônica e textos poéticos, Raul Guilherme Branchi relembra aventuras de infância e acontecimentos de outrora do bairro Floresta, em Porto Alegre.

Sobre o autor:
Raul Guilherme Branchi, nascido em 17 de abril de 1953, na Rua São Carlos nº 724, no bairro Floresta, em Porto Alegre Rio Grande do Sul, Brasil. Família grande, com mais nove irmãos, vivendo sua infância no mesmo bairro. Foi engraxate, entregador de viandas, para defender convites para o cinema nas tardes das tardes de domingo no cinema Colombo. Casado com Maria Cecília Muller Branchi, pai de dois filhos, Guilherme e Carolina. O que faltava ainda era escrever um livro, pois plantou por todos os lugares, as árvores mais bonitas. Resolveu depois de muitas experiências do seu dia a dia, deixar alguns episódios em forma de poemas, pensamentos ou textos, para pessoas que, como ele, precisassem alguma força para vencerem seus desafios. Então resolveu começar a escrever sobre suas experiências com sua primeira obra: Minha vida foi assim.

Título: A FELICIDADE DOS GAFANHOTOS
Autor: Paulino Júnior

ISBN 978-85-94187-12-3

Dimensões: 14 x 21 cm
Páginas: 112
Gênero: Crônica
Ano: 2018

A felicidade dos gafanhotos e outras crônicas é uma seleção das crônicas e contos publicados na coluna semanal ‘Labuta do Paulino’, mantida de 2014 a 2016, no caderno Plural do jornal Notícias do Dia (Florianópolis).

O que disseram alguns leitores do jornal:

“Caro Paulino, só vou dizer uma coisa sobre seu último texto: o escritor tem que está com os pés no chão e não na lua.”

“Seu humor é muito azedo.”

“Você deve estar escrevendo para esta dúzia de intelectuais que mamam no governo.”

“És um grandessíssimo esnobe. Olha só tuas referências!”

“Ou és um brincalhão e gozador, ou és um sádico.”

“Me nego a aceitar sua mensagem de hoje.”

Título: O LOUCO NO ESPELHO
Autor: Lúcio Humberto Saretta

Dimensões: 14 x 21 cm
Páginas: 136
Gênero: Crônica
Ano: 2017

Futebol não acaba
na quarta-feira de cinzas

Nelson Rodrigues, torcedor do Fluminense (time carioca) usava de sua linguagem ácida e olhar tremendamente crítico para falar da sua paixão pelo futebol. Durante duas décadas, o “anjo pornográfico” dedicou-se a escrever sobre o esporte, uma grande metáfora para falar do próprio país – ele leu o Brasil através dos campos de futebol. Segundo relatos da época, muitas vezes ele sequer ia ao estádio ver os jogos, era de casa mesmo que fazia sua leitura do jogo. Outras vezes, ao assistir in loco algum jogo, pedia informações ao amigo Armando Nogueira, ou perguntava que jogo estavam assistindo. Afinal, o jogo nem importava mesmo, era a possibilidade de uma boa história que estava ali, entre ele e o gol. As crônicas escritas por Nelson são até hoje estudadas em seus aspectos formais e também em seu conteúdo. Com sua escrita despojada e irônica, o escritor conquistou milhares de leitores ao longo dos anos em que se dedicou a escrever sobre futebol, sobre o Brasil — “a pátria de chuteiras” — frase que se tornou jargão na voz de muitos locutores até os dias de hoje. Romancista e dramaturgo, Nelson trouxe para o âmbito da crônica a paixão pela literatura que compartilhou com o futebol.

Eduardo Galeano por sua vez, escreve sobre as obscuras histórias do futebol, um mundo paralelo ao que é assistido nas partidas sob os fortes holofotes dos estádios ou em dias ensolarados. O escritor uruguaio, auto-declarado um perna de pau, coloca nas palavras, nas histórias que recria, ainda que breves, situações, acontecimentos e relações que o torcedores — espectadores de apenas um possível ponto de visão — não chegaram a conhecer. E outras histórias da própria origem do esporte, das suas relações com o mundo, com a literatura (até mesmo Shakespeare) Futebol, para Galeano, além de uma paixão, era também política. Prova substancial de que tudo o que nos cerca é constituído de faces que desconhecemos.
Jorge Luís Borges não gostava de futebol. Não gostava mesmo, dizia que era uma estupidez e criticava a popularidade do esporte. Gosto muito de Borges, principalmente de seus prefácios, lendo Prólogos, com um prólogo de prólogos, livro que é uma compilação dos prólogos e apresentações escritos por Borges é que desenvolvi meu gosto por apresentações. Apesar das muitas semelhanças entres os gostos do escritor argentino e os meus, no futebol divergimos. Desde a infância o esporte bretão convidava-me a doar a minha atenção em noventa minutos de partida. E as inúmeras tentativas de praticar o esporte, resignaram-me à literatura e a predileção pela não execução de uma vida esportiva. Não havia como contestar a natureza: sou uma criatura da escrivaninha e da pena, a bola de futebol, deixo-a aos nobres esportistas que nasceram com o talento que a mim os deuses não contemplaram.
Escrever uma apresentação não é uma tarefa fácil, já fiz algumas, de poemas, contos, novelas e romances. Para escrever uma apresentação não se pode ler apenas uma vez o livro, são necessárias algumas leituras em que nos comportamos de diferentes modos: leitor das histórias ou poemas com nossos corações sendo tomados pelas palavras e ideias do autor e depois a leitura crítica, quando ficamos muito atentos a cada detalhe técnico da obra. Somos então envolvidos pelo texto, permanecemos nele durante um bom tempo e do universo que ele nos proporciona e dessas impressões organizamos e mostramos ao mundo a nossa percepção do livro. Permitam-me uma confissão: se não gostamos do livro, mesmo que ele seja muito bem escrito, a apresentação torna-se um abismo entre as palavras, é como se estivéssemos a montar um puzzle totalmente desordenado e confuso. Agora se gostamos, é muito gratificante escrever e ficamos felizes de ter nossas impressões associadas à obra.
É como me sinto agora, ao escrever sobre O louco no espelho de Lúcio Saretta, um livro de crônicas esportivas. Eu uma borgiana, que vivo na minha biblioteca/paraíso, sou convidada para escrever sobre…esportes. Aceitei, por ser Lúcio um dos autores da antologia de contos da oficina de Assis Brasil do ano de 2015, que eu já havia prefaciado e de quem gostei muito quando li. Temerosa, não do que ia encontrar, mas de como eu daria conta de tal tarefa, comecei minha leitura das crônicas.
Ao pensar sobre Nelson Rodrigues e o poder incontestável da metáfora e da linguagem, Eduardo Galeano e a história do futebol e como as palavras podem nos mostrar mais sobre o mundo do que sabemos e ainda sobre Borges e a arte de escrever prólogos é que entendo a potência da relação da literatura e do futebol. Lembremos que a literatura é representação de mundo, ela já, há muito tempo definida por Aristóteles (que provavelmente seria torcedor do Internacional pela sua genialidade), vale-se da verossimilhança, qualidade mimética de aproximar-se o quanto mais possível do mundo que se representa. Então, essa organização de um universo paralelo e ao mesmo tempo simbiótico com o real é executada através da linguagem, da escolha das personagens, do tempo que será narrado e da voz que irá contar essas histórias aos leitores. É preciso que essa paixão, esse pathos que move o escritor encontre também uma forma, um modo singular de expressão, entram aí os gêneros literários: romance, conto, novela e crônica.
Escrever crônicas é um exercício de exigência com a realidade. Gênero predominantemente ligado à ideia de simultaneidade com o tempo do seu escritor, a crônica já em seu nome apresenta-se: traz em si a questão do tempo, de Chronos — o deus grego que associado a temporalidade. Também é um texto que se pretende breve, uma conversa com o leitor, onde o senso crítico do autor emerge em cada frase, apresentando sua forma de pensar, repleto de singularidades que tomam a realidade para si e a reapresentam ao leitor. Muitas vezes ela se parece com o conto – podemos dizer mesmo da irmandade que se estabelece entre os dois gêneros – por contar uma história, por apresentar enredo, tempo, espaço, narrador e personagens.
E há mesmo vários tipos de crônica: histórica, humorística, narrativa, dissertativa, lírica, poética e jornalística. As crônicas de Lúcio Saretta, se enquadram, para mim, em dois tipos – a narrativa, pois contam histórias de tempos diversos e lírica, por tomarem para si uma linguagem tão bonita e tão bem elaborada que muitas vezes li como quem estava a ler prosa poética. Passagens repletas de lirismo e que falam de amor, morte, história, amizade, música e esporte.
Lembro-me das musas, as da mitologia que presidiam as diferentes formas de arte e conhecimento. Não há nenhuma que cuide especialmente do futebol. Pesquisei a sério, mas levando em conta que a dedicação de Lúcio, a verdadeira contemplação de sua alma é a literatura, então podemos dizer que evocamos duas dessas beldades (a beleza é um dos fatores primordiais do esporte em questão – pensemos nos dribles e nas grandes jogadas que criaram mitos futebolísticos). Calíope e Clio: a primeira cuidava da arte da eloquência e a segunda da história. E Lúcio usa da literatura para resgatar a história do futebol. Ainda podemos citar Camões em Os Lusíadas: “Cesse tudo o que a Musa antiga canta, Que outro valor mais alto se alevanta” – e do centro do campo verde e vistoso, ergue-se a razão de tudo o que aqui se apresenta: a paixão pelo futebol.
As crônicas que compõem O louco no espelho são essencialmente sobre futebol. Em muitas páginas de episódios de diferentes épocas da história do esporte Lúcio traz ao leitor personagens que habitam o imaginário de torcedores de todos os tempos, mesmo os mais jovens que conhecem apenas essas peculiares personalidades através de fotos ou de programas de televisão antigos. E os mais velhos, os que alcançam com sua memória um passado mais distante, há a rememoração, a saudade de tempos vividos, daquele aperto no peito de ansiedade ou de alegria. O livro de Lúcio, mais do que uma obra sobre esporte, é sobre amor.
Amor pela arte que é o futebol, por seu domínio estético, social e afetivo. Ópio do povo, tantas vezes o futebol é a única alegria (embora Vinicius de Moraes tenha dito que é o carnaval) permitida a homens de todas as idades e credos. Assistir uma partida de futebol, admirar a personalidade de um jogador, acompanhar o time durante um campeonato, ser testemunha de momentos históricos como copas, dribles fabulosos, jogadores que se tornam imensos a cada jogo, tudo isto se configura como a prática do amante do futebol.
Grandes personalidades habitam esse imaginário que Lúcio Saretta apresenta em O louco no espelho. Desde os menos conhecidos de times locais até craques conhecidos no mundo inteiro por milhares de torcedores e admiradores: Garrincha, Pelé, Leônidas, Didi e tantos outros que movimentaram esse museu futebolístico que é a memória de muitos brasileiros.
Nessas histórias contadas em O louco no espelho, não existe um torcedor único ou ainda apenas um jogador lembrado, são muitas narrativas que trazem histórias antigas e desconhecidas do grande público e outras que foram notícias e percorreram o país e o mundo. Como surgimento de ídolos e times, até as derrotas cabalísticas em torno do número sete. Times grandes, seleções nacionais, times pequenos, times rivais como Grêmio e Internacional, Juventude e Caxias e até histórias com os nossos hermanos e a grande sacada de ter um Papa que gosta de futebol. Narrativas que contam dos problemas sociais, raciais, financeiros, identidades e origens, amor e morte, saudades e o desejo de glória. Tudo é memória nas crônicas de Lúcio.
Também Lúcio flerta com o boxe, comenta de boxeadores que fizeram nome nas histórias do ringue, por derrotas e vitórias, suas origens e destinos. Há casos conhecidos como Rocky Marciano, Jake La Motta, Sugar Ray Robinson, Maguila, Evander Holyfield e Mike Tyson. As crônicas por sua vez, flertam com o boxe e com o futebol, numa alegoria que se move no ringue e no campo, lembrando grandes nomes e as tristezas e contentamentos dos pugilistas. Suas histórias pessoais ficaram registradas na memória de gerações de espectadores que vibraram a cada golpe e também foram nocauteados junto com seus ídolos.
Há ligações com a música: Pink Floyd, Beethoven, Noel Rosa, Elza Soares, musicalidades que vão surgindo entre as histórias do futebol. Fios de arte e cotidiano que vão formando a tessitura que Lúcio se propõe a apresentar ao leitor. A literatura emerge em muitos momentos do livro, escritores e suas histórias como Edgar Alan Poe, Ernest Hemingway, Charles Dickens e Melville — são apenas algumas referências que estão nas crônicas e que vão envolvendo o leitor num espaço imagético bem maior que o de um campo de futebol. E que reflete o próprio autor que conjuga a paixão pelo futebol a que sente pela literatura, ao trazer as histórias desses escritores ele nos aponta para a simultaneidade dos sentimentos, da trajetória de nossas escolhas, das peculiaridades de nossos destinos.
Uma das características do texto de Lúcio Saretta que lhe concede mais qualidade ainda, são as experiências pessoais, a juventude, as conversas, o rock e o time da cidade natal: Caxias e nesse universo que aparentemente é isolado do resto do mundo, tudo entra e se transforma em matéria a ser narrada. Muitas vezes ele assume seu papel de narrador, e de muito próximo conta sua participação em muitas histórias e conversas.
Na verdade, a grande matéria de Lúcio está muito além do futebol. É a vida, o cotidiano, a criação e manutenção do sonho. Em cada um de nós a arte reverbera de uma maneira diferente, o que importa mesmo é que ela se instala, constrói uma série de imagens, de sonoridades, de afetos e de memórias. O que é oferecido ao leitor em O louco no espelho é uma parte do imenso gosto de seu autor pelo futebol, pelo esporte e pelo significado dele para a vida de tantos que se entregam a essa paixão.
Lúcio ama as palavras e o que se pode fazer com elas. E ele faz, com qualidade de um bom contador de histórias, que nos surpreende a cada novo texto. Suas narrativas são cuidadosas em termos cronológicos e históricos, sobretudo são pensadas para o leitor e não só o torcedor de futebol, mas o leitor que deseja o universo todo para si. E sendo um apaixonado pela literatura, nela, ele depositou seu amor pelo futebol. Paixões diferentes em seus objetos de atenção, mas similares em sua intensidade. O apaixonado pelo futebol persegue seus ídolos, acompanha suas trajetórias, decora seus placares e cada jogada executada, que é arte, em movimento. O apaixonado pela literatura vale-se da linguagem e todas as possibilidades dela, o mundo mimético é um espaço em que pode-se criar o que for desejado. Não existe um limite para a execução dessa ideia. Personagens, tempo, espaço, narrador e a própria fábula que se pretende contar desenvolvem-se de maneira única de acordo com a mente de seu demiurgo. E é esse o papel de Lúcio aqui, um demiurgo de um universo construído pelo futebol e pela literatura, onde não há uma fronteira, mas uma ponte: a linguagem. É através dela que as histórias ganham o “mundo” fora do campo de futebol, do ringue, dos álbuns de imagens e das memórias de cada torcedor.
Alberto Manguel, outro argentino formidável como Borges, diz em um de seus livros que o leitor ideal é aquele que está com o autor quando ele escreve o livro. Penso então, em Borges, no seu não gostar de futebol, no entanto penso que ele ia ficar satisfeito de ler O louco no espelho, por alguns motivos: pelo espelho metáfora tão viva em sua obra e no qual todos nós nos refletimos; pela universalidade que se expande em cada texto e cada história, não é sobre futebol, mas sobre tudo que nos cerca que as crônicas tratam e finalmente pela ideia de amor e respeito à literatura que são o mote principal de Lúcio. E Borges seria esse leitor ideal, talvez não se apaixonasse pelo futebol, mas ficaria feliz com tudo o que está na escrita de Lúcio.
A menina que assistia jogos de futebol com o pai e que é torcedora do Internacional, viu-se feliz ao ler sobre tantas histórias que conhecia apenas algum ou outro detalhe. A intelectual e teórica da literatura viu-se muito feliz ao ver cada palavra trabalhada com sábia escolha e com uma intencionalidade tão bem pensada e organizada. Lúcio me trouxe literatura mais do que tudo, e me trouxe futebol de uma maneira tão bonita que me fez lembrar do Nelson Rodrigues e do Galeano. E também do Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Carlos Drummond de Andrade em diferentes visões sobre o futebol. E do Vinicius de Moraes e a ideia toda de que o carnaval é a alegria do povo. Não é não. O carnaval se perde na quarta-feira, o futebol não se esgota, cada semana tem um jogo novo, emoção nova e história que nova, vai ser tornar eterna quando um escritor como Lúcio entender que a literatura está ai para nos ajudar a entender a vida e a perpetuar o sonho.
Ainda em Borges, tudo é labirinto e repleto de imagens que nos pertencem num mundo a que nos pertencemos como imagens também. O louco no espelho somos todos nós e as nossas paixões, futebolísticas, musicais, literárias e essencialmente, humanas.

Gabriela Silva, março de 2017.

Título: CASA DE CACHORRO
Autora: Patrícia Fróes

ISBN: 978-65-88865-54-5

Formato: 14 x 21
Páginas: 84
Gênero: Memórias, Cães, Autoconhecimento
Publicação: Bestiário / Class, 2021

Vamos juntos?

Pouca gente ultrapassa o portão desta casa que fica numa rua de curta extensão no bairro do Petrópolis, em Porto Alegre. Arrisco-me soar exagerado ao dizer que poucos sabem da existência da Casa de Cachorro, até o dia em que precisam daquilo que ela oferece: banho, creche e hospedagem para os seus cães. As pessoas ficam sabendo da casa quando procuram por indicações de lugares semelhantes, sempre confiando na recomendação daqueles que já são clientes. A decisão em deixar um cachorro num lugar desses está nos detalhes e nas nossas impressões. Além de saber que uma pet cumpre com tudo o que ela oferece, a escolha também está neste nosso sentir, na nossa subjetividade.
Ao menos comigo foi assim. Depois de me mudar para este bairro – mais específico, para esta cidade – e de já ter levado minha mascote para outras pets, na tentativa de encontrar uma que pudesse chamar de minha (ou, melhor, dela), me indicaram a Casa de Cachorro. Parei em frente ao portão verde da casa e constatei que o cuidado que eu buscava era o mesmo cuidado que a Patrícia e o Lucas procuravam em qualquer cachorro que pudesse frequentar ali. Para que eu me tornasse cliente, eles disseram, a estada da minha cachorra teria que ser uma experiência boa para ela e para os outros cães.
Senti como se fosse uma escola, onde nossos filhos precisam passar por uma avaliação antes de entrar e saber se ali será um lugar bom para eles. Evidente que cães não são seres humanos e a minha cachorra não passaria por nada complicado e elaborado. Tratava-se de um simples teste de convivência: algo como ficar ali por algumas horas antes e depois do banho; e se precisasse fazer hospedagem, seria importante ela já ter tido essa rotina algumas vezes. Aquela condição apresentada por eles me passou a segurança de que eles não eram meros proprietários de um local que cuida de animais, mas também responsáveis pelo que acontece neste espaço.
Isso foi em 2017, quando eu jamais imaginava que, dois anos depois, eu estaria escutando as histórias que ultrapassam qualquer território que nossos olhos podem ver. São as memórias que, acredito eu, clientes mais longevos também não têm ideia que a Patrícia e essa casa trazem consigo. São as memórias dela e desses seres que fizeram uma revolução na sua vida e no seu modo de ver o mundo.
É conhecido o provérbio que diz que carregamos dois cães dentro de nós: um calmo e outro raivoso – ambos famintos. Cabe a nós escolher qual deles alimentar. É certo que um livro não se constrói ou se sustenta a partir de uma vida rancorosa. Ao longo de sua trajetória, Patrícia teve inúmeros motivos para alimentar seu cão raivoso. Buscou, no entanto, o caminho da construção e da realização. Fez da Casa de Cachorro uma escola, sim. Para ela.
Num lugar onde os cães se tornam os mestres, não se assuste ao encontrar nas páginas que seguem alguns acontecimentos dos quais a nossa razão duvida. Assim como acontece com os cães, a gente não precisa compreendê-los totalmente para saber o quanto eles nos ajudam a encontrar um sentido que muitas vezes a nossa vida tão racional não consegue. Apenas sentamos no chão, nos dobrando à altura deles, e os abraçamos recebendo o seu afago.
É com esse espírito que essa história o convida. Acomode-se bem, pegue firme com as mãos, ou apoie em seu colo, e passe pelo portão desta casa que abriga tantas vidas.

Fred Linardi

Sobre a autora:
PATRÍCIA FRÓES nasceu e vive em Porto Alegre. É fundadora e sócia da Casa de Cachorro, uma pet que oferece estética, creche e hospedagem para cães. Patrícia é também terapeuta transpessoal e facilitadora de grupos de autoconhecimento.

R$ 38,00

Título: DUAS CONTAS
Autor: Geraldo Roberto da Silva

ISBN: 978-65-88865-53-8 

Formato: 14 x 21
Páginas: 124
Gênero: Crônica
Publicação: Class, 2021

Sempre gostei de escrever, tanto quanto gosto de desenhar. Custo mesmo, às vezes, a saber do que gosto mais, mas mesmo assim, nesse conflito, vou levando a vida numa boa.
Criança, eu já me metia a escrever coisas elaboradas, acima do normal, muito acima, suscitando dúvidas. Confesso que no meu curso primário tive problemas com as professoras, que se recusavam a acreditar que eu fizesse sozinho algumas redações. Por exemplo, metido, eu não deixava por menos. Usava palavras como corbeille (assim mesmo, em francês), “subterfúgio”, “modorrento”, etc. Era daqueles que quando aprendia uma palavra nova, incorporava como ganho no vocabulário e tratava de meter nas redações. Às vezes, nem minha mãe me entendia.
E dizia: “Betinho, pare de inventar palavras”!

Sobre o autor:
Geraldo Roberto da Silva nasceu em Matozinhos (MG) em 1950. Graduado e Mestre em Artes Plásticas (UFMG e UFRGS). Aposentado da FURG/ Rio Grande, onde atuou de 1978 a 2014, como professor de Artes e Cultura Brasileira, nos cursos de Artes Visuais e Letras.
Artista plástico por profissão, retomou a literatura aos poucos, nos intervalos de sua produção como pintor e desenhista. Trabalha lentamente, um romanceprotesto chamado O diário de Fenelon (Título provisório).
Publicou até agora quatro livros: Os comedores de vidro, Ouvido absoluto e Antes que o Jatobá

Título: DIÁRIO DO ARTISTA NA QUARENTENA
REFLEXÕES E MEMÓRIAS – MAIO

Autor: 
Kleiton Ramil

ASIN: B08BKC3MMP

Gênero: Crônica
Publicação: Class, 2020

Entre momentos frugais no dia a dia e profundas reflexões, Kleiton Ramil escreve o DIÁRIO DO ARTISTA NA QUARENTENA, reflexões e memórias (MAIO) e afirma que a sociedade onde vivemos tornou-se uma grande clausura. Difícil desfrutar do ensinamento de GHANDI: “não há prisão para um homem livre”. Mas é preciso tentar. Se algo é possível aprender com essa pandemia, que submete a humanidade a um cruel isolamento, acossada por um inimigo invisível, é que não devemos esperar sentados e que é possível sonhar com um mundo melhor.
Esses DIÁRIOS, escritos em abril e maio de 2020, inicialmente visavam apenas tornar mais leve o fardo de tantas pessoas, prisioneiras em suas próprias casas, inspirados em recursos usados pelo próprio autor, oferecidos nesses livros, onde surgem interessantes reflexões e memórias incríveis sobretudo de sua vivência artística, revelando importantes acontecimentos e curiosidades do mundo da arte. Mas esses textos tomam uma dimensão maior ao indicar que, não fosse a obrigatoriedade da situação, retiros físicos e espirituais voluntários podem oferecer novas soluções para nossas vidas.
Nestas reflexões e memórias, Kleiton Ramil fala de Keith Jarret, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Jorge E Daniel Drexler, Mercedes Sosa, Villa Lobos, Eumir Deodato, Diana Krall, Sérgio Mendes, Beethoven, Eminem, Duke Ellington, Paul Maccartney, Mozart, Astor Piazzola, Egberto Gismonti, Arthur Rubinstein, Zygmund Bauman, Michelle e Barack Obama, Saint-Exupéry, Haruki Murakami, Martha Medeiros, Luis Fernando Verissimo, Simon Bolívar, Ghandi, C.G. Jung, Platão, S. Freud, Nijinski, Cameron Dias e Benedict Cumberbatch, entre outros.

Título: DIÁRIO DO ARTISTA NA QUARENTENA
REFLEXÕES E MEMÓRIAS

Autor: 
Kleiton Ramil

ASIN: B088KSQFHR

Gênero: Crônica
Publicação: Class, 2020

O artista Kleiton Ramil (da dupla Kleiton & Kledir) divide com o leitor o seu dia a dia nesse Diário, o que tem vivido no período de quarentena e como o faz para enfrentar positivamente esse momento difícil para a humanidade. No diversificado conteúdo desse livro você vai encontrar informações sobre conversas e reflexões com outros artistas e amigos de várias partes do mundo, soluções para combater o dia a dia na clausura, indicações como Pilates, exercícios físicos variados, livros e filmes interessantes, arte culinária, cursos on-line gratuitos, criação e gravação de músicas, lives nas plataformas digitais, trabalhos on-line, produção de vídeos, histórias divertidas e assuntos profundos, tudo escrito de forma coloquial e com a densidade apropriada para esse momento tão delicado que todos estamos vivendo. Kleiton também fala de projetos seus e da dupla K&K, que estão em andamento, já acontecendo ou previstos para o segundo semestre. Além de revelar seus curiosos dias em isolamento completo, aproveita para refletir sobre tudo o que acontece ao nosso redor e deixa fluir valiosas memórias, biográficas, lembranças importantes do que viveu nesses mais de 40 anos de carreira e analisa a situação crítica dos artistas enfrentando a quarentena.

Título: BRAVO, BRASIL
Autor: Vitor Vicente

ASIN: B088KRXPV7

Gênero: Crônica
Publicação: Class, 2020

“Bravo, Brasil” é o relato de duas estadias no Brasil.
Apesar de ambas as viagens terem sido motivadas por agendas culturais e respetivos eventos (apresentações de livros, entrevistas, conferências etc.) tomarem parte no corpo de crónicas, o objeto-central da narrativa é, sobretudo, o país visitado, em toda a sua multiplicidade de cores, sabores, sensações.
Por entre o sarcástico retrato dos costumes nativos, neste testemunho vivo destaca-se um contínuo deslumbre.

Título: VILLA ALBA e outras crônicas
Autor: Carlos Oswaldo Degrazia

Dimensões: 14 x 21 cm
Páginas: 88
Gênero: Crônica
Publicação: Class, 2017

Livro de crônicas que relembram a infância e juventude do médico e professor Carlos Oswaldo Degrazia, autor de O Hino de Galeno, Poesia, verdade, filosofia.

Título: ACIMA DE 900, REDAÇÕES ENEM
Autora: Mariana Freitas Gutfreind

ISBN: 978-65-88865-02-6

Formato: 14 x 21
Páginas: 86
Gênero: Crônicas, redações
Publicação: Class, 2020

A presente coletânea nasceu do desejo cultivado por Mariana de dividir com um maior número de pessoas esse percurso criativo que ela tem trilhado no campo da escrita nos últimos anos. Trata-se da reunião de textos produzidos em situações diversas, desde atividades de sala de aula até a redação do ENEM. Brinda-nos, assim, com uma coletânea de encher os olhos, com um vasto repertório e ideias bem-articuladas, tudo o que se espera de jovens aspirantes à vida acadêmica e, posteriormente, à vida profissional bem-sucedida.

Sobre a autora:
MARIANA FREITAS GUTREIND nasceu em Porto Alegre em 2002. Atualmente cursa o terceiro ano do Ensino Médio na escola Leonardo da Vinci. Acima de 900, redações ENEM é o seu primeiro livro, resultado de uma trajetória de três anos dedicada à escrita de redações.

“Anna Martins é uma escritora voltada ao gênero lírico, utilizando-se do eu-poético, com linguagem informal, através da qual expõe ideias e sentimentos que vivenciou à sua época. Portanto, sua conexão se dá pela visão do mundo onde se insere, utilizando-se ainda de transparência na narração dos temas, com mensagens que considera importantes a serem transmitidas. Encontram-se nesta obra, sonetos compostos ao estilo petrarquiano, com belo arranjo de palavras que percorrem assuntos diversos, sem deixar de transmitir, ao final, uma mensagem conclusiva a cada tema abordado, atributo dos clássicos sonetos. Ainda atendendo às características do soneto, a autora prima pela correta metrificação dos versos, sejam eles hendecassílabos, decassílabos, … até aqueles com sete sílabas poéticas, chamados de redondilha maior. Além disso, se apresenta nesta obra o privilégio da qualidade da rima, utilizando-se a autora, sempre ao final dos versos, de rima rica ou preciosa e agregando-se a isso, o ritmo agradável proporcionado pela precisa metrificação. Tudo isso atribui aos poemas, além de clareza, também harmonia e encanto. Assim, temos em O verso e o reverso / Sonetos, um livro de poemas que persegue a perfeição da forma poética, característica da autora que se apresenta nesta obra.”

SOBRE A AUTORA

“Anna Martins é natural de Santa Vitória do Palmar, RS, onde iniciou sua vida profissional na antiga CRT (Companhia Rio grandense de Telecomunicações), através da qual veio posteriormente a trabalhar e residir em Pelotas, RS, onde formou-se em Direito pela Universidade Católica de Pelotas. Finalmente, foi novamente transferida a trabalho, dessa vez para Porto Alegre, RS, onde reside há mais de vinte anos. No período pós-CRT, como advogada, atuou por quinze anos em Porto Alegre, RS, até o ano de 2020, tendo desenvolvido trabalhos sociais voluntários, na área de Família, em consonância com outras atividades de seu escritório particular de advocacia. Atualmente, reveza-se entre a capital e a praia de Torres, RS, restabelecendo o convívio com a natureza, que é sua grande fonte de inspiração desde a adolescência. Desse modo, realiza hoje um antigo sonho, nesse reencontro com o mar e com a poesia.”

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