Livros

Título: MAS MEU VESTIDO NÃO FICOU AMASSADO
Aurora: Corinne Hoex

Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 100
Gênero: Romance belga
Publicação: Bestiário, 2022
Tradução: Gabriela Porto Alegre, Kelley Baptista Duarte

ISBN 978-85-98802-06-0

Prêmio Emma Martin
2008 Prêmio Indicações para Jovens Críticos
Prêmio Estudante do Ensino Médio 2009
Prêmio Gauchez-Philippot 2010
Finalista do Prix Rossel, do Prix Rossel des Jeunes, do Prix Marcel Thiry, do Prix ​​du Parlement e do Prêmio Cinco Continentes de La Francophonie

Como nos tornamos íntimas de nossas tragédias? Em Mas meu vestido não ficou amassado, a personagem principal conta, sentada diante do mar, a história de sua vida a partir daqueles que a ocuparam: pai, mãe e namorado. Nesse romance, a violência é uma onda colossal, impiedosamente cavando a fenda que separa os afetos, como na relação mãe e filha. Corinne Hoex, que já havia tratado do tema da família em seu romance de estreia, Le Grand Menu (2001), evoca, aqui, a posição da mulher em um contexto no qual as aparências determinam seu valor e a violência contra ela é a razão de ser do amor. A obra, ao retratar os cenários de uma pessoa que, de criança, se torna mocinha e, de mocinha, se torna mulher, oferece o silêncio intragável de uma existência vigiada a cada gesto, reprovada a cada olhar e violada a cada vislumbre de libertação. Autora de vinte e um livros de poemas, Corinne arquiteta, por entre as frestas do vestido sufocante de sua protagonista, uma efluência poética que devolve a essa mulher destruída todas as palavras suspensas nas cristas de seu maremoto estiado.

Sobre a autora:
CORINNE HOEX vive em Bruxelas, na Bélgica. Tem formação em História da Arte (Universidade Livre de Bruxelas) e trabalhou, por alguns anos, como professora, arquivista e pesquisadora, antes de se dedicar integralmente à escrita de ficção. Sua obra contabiliza aproximadamente vinte coletâneas de poesia e dez romances, traduzidos em diferentes idiomas: inglês, neerlandês, alemão, búlgaro, ucraniano e, atualmente, o português do Brasil. Desde 2017 compõe a Academia Real de Língua e de Literatura da Bélgica, sucedendo a escritora Françoise Mallet-Joris.
Site oficial: corinnehoex.com

Título: ALLEGRO PASTELL
Autor: Leif Randt
Tradução: Raquel Ribas Meneguzzo e Michael Korfmann

INDICADO AO PRÊMIO LEIPZIGER BUCHMESSE;
INDICADO AO DEUTSCHE BUCHPREIS;
PRÊMIO MÖRIKE 2021

ISBN : 978-65-88865-23-1
Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 230
Gênero: Romance alemão
Publicação: Class, 2021

Allegro Pastell, publicado na Alemanha em março de 2020, foi indicado ao Prêmio da Leipziger Buchmesse bem como ao Deutsche Buchpreis; recebeu o prêmio Mörike 2021, além de inúmeras críticas favoráveis.

“Quinta-feira Santa, 29 de março de 2018. A Estação Central de Frankfurt via-se inundada por um suave sol poente, os passageiros esperando na plataforma 9 lançavam longas sombras. Tanja Arnheim chegou de Berlim com o ICE 375 pontualmente às 18h30”. O romance Allegro Pastell, de Leif Randt, trata da relação a distância de Jerome Daimler, 36 anos, que mora na casa dos pais em Maintal, e Tanja Arnheim, 29, célebre autora do livro PanoptikumNeu – um relacionamento perfeitamente sincronizado, não apenas pela Deutsche Bahn. A relação funciona em um fluxo finamente equilibrado, alimentado também pela distância entre os dois. Eles são hipersensíveis em relação aos sentimentos um do outro e projetam seus dias juntos, assim como a comunicação online. O web designer Jerome planeja criar uma homepage para Tanja para seu trigésimo aniversário.

A linguagem do romance de Leif Randt ‒ que, especialmente com cenários futuros, encantou leitores e críticos em seus romances anteriores Schimmernder Dunst über CobyCounty (2011) e Planet Magnon (2015) ‒ é muito equilibrada e relaxada, embora formalmente tão magnificamente construída quanto a vida dos protagonistas, que corre sem grandes altos e baixos.

Tanja e Jerome mantêm um bom relacionamento com o mundo empresarial, especialmente Tanja, que joga badminton e adora os produtos da loja Decathlon da Berlin Alexanderplatz. Jerome elogia as tarifas justas da locadora de carros da marca Tesla, onde ele recebe um desconto de fidelidade. Essas duas pessoas afortunadas, atraentes, requisitadas e bem-sucedidas estão altamente conscientes de seus privilégios também no que diz respeito ao seu ambiente. Tanja tem uma irmã depressiva, Sarah, que é mais jovem e também mora em Berlim, e sua melhor amiga, Amelie, constantemente se estressa com seu “crush” Janis.

A vida de Tanja e Jerome é extremamente bem pensada e estruturada: desde os efeitos calculados do uso de drogas nas festas de Berlim, as listas de Spotify e as roupas coordenadas até o ritual do chá, no qual mesmo o silêncio compartilhado é investido de grande significado. Ambos têm experiência de vida suficiente para rever fases passadas e classificá-las. Os destaques incluem o saborear momentos presentes, como Tanja no êxtase de felicidade provocado pelo MDMA na pista de dança do clube berlinense Griessmühle: “Era fantástico ter um celular, era fantástico conhecer pessoas que você amava. Nesse momento, Tanja trazia a camisa amarrada na cintura e dançava usando um sutiã esportivo”. Contudo, também se torna visível a pressão, conectada à constante distinção e à consideração do olhar dos outros.

A visão sociológica de Leif Randt sobre a boemia digital nas cidades alemãs (e européias?) é precisa e sempre transferida de forma conscisa para sua escrita, embora o uso excessivo de termos como girlfriend, crush ou double-date às vezes pareça um tanto artificial. Quem viveu por algum tempo em Berlim na década de 2010 conhece o milieu internacional e exigente que se mantém aberto a tudo e em busca de experiências únicas. Ao mesmo tempo, porém, é evidente que se trata apenas de uma parte da sociedade, pois os protagonistas são saudáveis, relativamente jovens, bem-sucedidos, têm dentes bonitos e, com exceção de conflitos tratáveis, não têm realmente do que reclamar. E Leif Randt leva-os a sério, mesmo que às vezes sejam nerds bastante estranhos.

O equilíbrio entre Tanja e Jerome se mostra tão sutil quanto vulnerável. Enquanto uma disputa sobre a avaliação do filme Call Me by Your Name ainda está para ser resolvida, em função da natureza de Jerome, que prefere evitar conflitos, Tanja se distancia dele, após sua festa de aniversário, de forma repentina e inesperada até mesmo para ela. Ela descobre que o seu “boyfriend”, Jerome, enerva-a. Os dois decidem dar um tempo. Tanja inicia um relacionamento com Janis, escreve seu novo romance e joga badminton. Jerome medita, concentra-se em si mesmo e no presente, tem sucesso em seu trabalho e se diverte. Além disso, ele reencontra sua antiga paixão, Marlene. Ambos, mesmo mantendo o controle de suas vidas, ainda sentem falta um do outro. O romance termina no verão de 2019.

O critico Iljoma Mangold chama o romance na sua resenha no jornal semanal Die Zeit (O agora absoluto, 11/2020[2]) o “registro perfeito do presente” e conclui seu apelo de forma bastante eufórica: “um novo movimento juvenil poderia emergir desse livro […] Allegro Pastell é definitivamente um dos livros mais importantes da literatura alemã contemporânea desde Faserland, de Christian Kracht. Nenhum milenial será capaz de escrever um romance no futuro sem fazer alusão a Allegro Pastell”.

Título: PAPIFUTEBOL
Autor: R. Gastelumendi Puig
Tradução: Julia Dantas

Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 210
Gênero: Romance
Publicação: Bestiário, 2022

ISBN 978-65-85039-18-5

“No Papifutebol, encontram-se jogadores de todos os níveis, desde os mais rápidos que correm de uma área a outra, até os que parecem amarrados a um poste; alguns que têm condições de fugir de um rival, outros que jamais conseguirão; há fanáticos por futebol e quem não conhece sequer os fundamentos básicos.”
Rodrigo, empresário do ramo tecnológico muito ativo, convive com o estresse de seu trabalho e as discussões familiares que isso gera quando descobre a existência do Papifutebol. Embora não jogue há muitos anos, se inscreve, pois acredita que a competição lhe fará bem. Conhece um novo grupo singular, no qual rapidamente entende que o campeonato está imerso num mundo cheio de personagens, brincadeiras e churrascos, que o levarão a transformar seu jeito de encarar a vida. A idade se faz sentir e expõe suas limitações, de modo que o protagonista precisará aprender a superar desafios inesperados. Entre jogos emocionantes e encontros memoráveis, Rodrigo vai se reinventar.

Sobre o autor:
R. Gastelumendi Puig nasceu em Mercedes, Uruguai, e jogou futebol quando criança, como a maioria dos uruguaios. Sempre gostou de ler e escrever, também, de estudar. Aos vinte e seis anos, formou-se Engenheiro Industrial pela Universidade da República, fez pós-graduação na Espanha, Bélgica e EUA. Entre outros, trabalhou como professor universitário até formar sua própria empresa, com que ganhou vários prêmios e prêmios. A vida e o trabalho o levaram a viver em países como: Espanha e Brasil, além de viajar pela América Latina e grande parte da Europa. Com todas essas experiências acumuladas ao longo dos anos, ele guardou anedotas enriquecidas por encontros entre diferentes culturas e línguas. Sua vocação para a escrita, embora sempre presente, substituiu por muito tempo um hobby, sendo relegado ao seu trabalho; porém, nos últimos anos, abriu um espaço cada vez maior em sua vida, ampliando sua produção literária e participando de oficinas literárias. Escreveu narrativas com especial interesse pelos assuntos que envolvem o futebol amador, e especialmente o Papifútbol; além de resenhas bem humoradas dos jogos que participa e várias histórias ligadas a lugares e pessoas de vários países.

Título: VENEZA SALVA,
Poesia e dramaturgia em Simone Weil

Autora: Simone Weil
Gabriela Wezka Porto Alegre

ISBN: 978-65-88865-57-6

Formato: 14 x 21
Páginas: 158
Gênero: Ensaio, Teatro, Poesia e Conto
Publicação: Bestiário / Class, 2021

A produção literária de Simone Weil, apesar de ser menos conhecida do que seu volumoso repertório filosófico, apresenta a pujança característica de uma personalidade de espantoso comprazimento com o humano e devoção à compreensão das razões de seu tempo. Ao utilizar uma abordagem reverenciosa da palavra, Weil designa o local apropriadamente simbólico para cada um de seus rogos líricos, seja na poesia ou na dramaturgia. Por terem sido escritos em um amplo lapso temporal, sobretudo para uma vida abreviada aos 34 anos, os poemas perpassam momentos diferentes de sua vida e aportam preocupações que se lapidaram nos trajetos de sua atenção. Sua proeminência foi reconhecida por Paul Valéry em uma carta escrita à poeta no ano de 1937 e inserida neste livro. Weil nos introduz, em sua literatura, uma capacidade de criação de texturas complementares. O existencialismo, o fluxo entre corpo e espaço, seja a natureza ou o cosmos, o abstrato, a ardência de uma angústia à qual quase se rende. Em sua poética, Simone brada seu olhar fosfórico sobre as densidades.

Sobre Simone Weil
Simone Adolphine Weil nasceu em 1909 em Paris. Em 1938 ingressou na prestigiada École Normale Supérieure para estudar filosofia, tendo sido uma das primeiras mulheres a estudar na Instituição. Ativista e participante de sindicatos da classe trabalhadora, começou a sua carreira de professora com 22 anos, escreveu para revistas e colunas progressistas e trabalhou como operária em três fábricas, experiência da qual extraiu ampla compreensão da opressão e da natureza da revolução proletária. Em 1936 decidiu engajar-se com a Coluna anarquista Derruti na Guerra Civil Espanhola, da qual precisou evadir em virtude de um acidente. A partir de então, voltou-se à sutil potência de suas iluminações espirituais. Por intermédio do Padre Perrin, realizou seu desejo de trabalhar num campo, na Ardecha, onde conheceu seu grande amigo Gustave Thibon. Em 1942, mudou-se para Nova York com os pais, retornando pouco tempo depois ao Reino Unido. Antes de ser tomada pela tuberculose em 1943, Simone escreveu sua obra filosófica fundamental, O Enraizamento, dedicou-se à peça Veneza Salva e aos seus últimos poemas.

Título: SALOMÉ
Autor: Oscar Wilde
Tradução: Juann Acosta

FINALISTA PRÊMIO MINUANO 2022

ISBN : 978-65-88865-24-8
Formato: 14 x 18 cm.
Páginas: 118
Gênero: Teatro
Ilustrações: Aubrey Beardsley
Publicação: Class, 2021

A história da Salomé de Oscar Wilde (Dublin, 1854 – Paris,1900) pode ter seu início em Paris, quando o escritor aí se refugia, entre novembro e dezembro de 1891, para escrever sua primeira e única tragédia em francês e, possivelmente, seu trabalho mais polêmico. Mas poderíamos dizer que ela começa uns meses antes, em junho desse mesmo ano, quando Wilde conhece o jovem Lord Alfred Douglas – aquele que viria a ser, além de seu irrequieto amante que o levaria à ruina, o tradutor de Salomé para a língua inglesa. Enfin… A tragédia Salomé destoa tanto em forma quanto em conteúdo das demais peças do autor irlandês. É uma incorporação de desejo, poder e erotismo à luz da lua, cuja aparência é constantemente mencionada por vários personagens ao longo da história. A jovem Salomé possui uma beleza capaz de levar os homens à perdição. Quem ousa olhá-la é tomado por um misto de atração, medo, terror e desejo.
Salomé é uma releitura da história bíblica de João Batista, quando este é capturado a mando de Herodes, tetrarca da Judeia. O trecho encontra-se no novo testamento em Mateus 14:1-11 e Marcos 6:17-28. Na passagem do evangelho, o rei Herodes, então casado com a mulher de seu irmão, a rainha Herodíade (ou Herodias), pede uma dança à sua enteada, prometendo dar-lhe qualquer coisa em troca. Herodíade convence a filha que peça a cabeça de João Batista. Vale lembrar que o nome Salomé não aparece no novo testamento. A jovem princesa é apenas mencionada como a filha de Herodíade, enteada de Herodes. É através dos escritos do historiador judeu Flávio Josefo (Flavius Jusephus – Antiguidades Judaicas, livro 18) que o nome Salomé vem a ser registrado na história


Sobre o autor:
OSCAR FINGAL O’FLAHERTIE WILLS WILDE – (1854-1900) Nasceu em Dublin – Irlanda, e muito chamou atenção em solo inglês desde seus tempos de estudante em Oxford, não só por sua excelência nos estudos, mas por sua extravagância, senso de humor e uma refinada visão estética. É até hoje um dos autores mais lidos em língua inglesa. Escreveu poemas, contos, peças que o tornaram célebre, ensaios, além de seu único romance e escrito mais famoso: “O Retrato de Dorian Gray”. Conquistou grande prestígio da sociedade londrina do final do século XIX até ser processado sob acusação de homossexualismo pelo pai de seu amante Alfred Douglas – o Bosie – sendo condenado, em 1894, a dois anos de trabalhos forçados na prisão de Reading. Aí escreveu um de seus livros mais importantes: De Profundis. Após perder todos os seus bens e direitos, deixa definitivamente a Inglaterra passando a usar o nome de Sebastian Melmoth. Reencontra-se com Bosie na Itália para logo ter mais um rompimento com seu amante. Passou seus últimos e penosos anos de vida em Paris, onde falece de meningoencefalite aos 46 anos. Seus restos mortais são transferidos ao Père-Lachaise em 1909 e o tumulo recebe um monumento do escultor Jacob Epstein em 1912 tornando-se um dos túmulos mais visitados do local. Em 2011, para que o túmulo não chegasse a um estado irreparável de degradação pela quantidade de marcas de batom dos beijos que lhe foram dados ao longo dos anos, é colocada uma redoma de vidro ao redor da escultura.

Ah! Beijei tua boca, Iokanaan, beijei tua boca. Senti um gosto amargo nos teus lábios. Era gosto de sangue?… Talvez seja esse o gosto do amor. Dizem que o amor tem um sabor amargo… Mas, que importa? Que importa? Beijei tua boca, Iokanaan, beijei tua boca.

OSCAR WILDE: Aquele cujo túmulo hoje é envolto em vidro no cemitério Père-Lachaise para evitar que seus admiradores o cubram de beijos é símbolo daqueles que se perdem por amor até as últimas consequências, tal qual as palavras de sua extravagante peça Salomé.

Sobre o ilustrador:
AUBREY VINCENT BEARDSLEY (1872-1898) Foi um importante ilustrador e escritor inglês. Suas pinturas em preto e branco influenciadas pela Poster Art e xilogravuras japonesas eram capazes de criar atmosferas grotescas, decadentes e ao mesmo tempo eróticas. Seu trabalho é considerado influenciador do movimento decadentista e da Art Nouveau. Foi um dos criadores de revista The Yellow Book (1894-1897). Nos anos 1970, reaparece como uma influência não só nas artes visuais, mas na música, por nomes como Sèrge Gainsbourg e a banda Humble Pie, que lhe rendeu uma homenagem na capa de seu famoso disco homônomo, conhecido também como The Beardsley album.

Sobre o tradutor:
JUANN ACOSTA – Professor, tradutor e músico nascido em Porto Alegre em 1982. Formado em Letras com especialização em Tradução e Tecnologia. Mestre e Doutorando em Tradução pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente pesquisa a tradução poética de Oscar Wilde e poesia traduzida em audiovisual no canal “Outras Rimas”.

Título: DO LADO DE FORA DA PORTA
UMA PEÇA QUE NENHUM TEATRO QUER ENCENAR
E PÚBLICO ALGUM QUER ASSISTIR

Autor: Wolfgang Borchert.
Tradução: Vinícius Casanova Ritter e Gerson Roberto Neumann

ISBN: 978-65-990301-9-2

Formato: 14 x 21
Páginas: 94
Gênero: Teatro alemão
Publicação: Class, 2020

A temática de Borchert não reside apenas nos acontecimentos dos textos, ela também aparece no estilo do escritor da chamada literatura dos escombros [Trümmerliteratur], de um país que precisava ser reconstruído, também na e por meio da Literatura. Como Heinrich Böll comenta no posfácio que escreveu sobre a escrita de Borchert para a publicação de 1956 pela editora Rowohlt, “ela é um documento, um registro testemunhal da fome que ao mesmo tempo funciona como uma narração magistral, fria e incisiva, sem uma palavra a mais ou a menos”4 (p. 120). No mundo dos contos, Borchert ajudou a cristalizar o gênero com esse estilo próprio, especialmente em Das Brot [O pão], o conto que por muito tempo é uma marca registrada da arte de Wolfgang Borchert. Borchert faleceu em um sanatório suíço no dia 20 de novembro de 1947, de uma febre indicativa de malária, como se fosse mais uma tragédia mal cronometrada na vida do autor, exatamente um dia antes da primeira vez que Draußen vor der Tür seria encenado. Com a produção da peça em palco, Borchert fez jus ao que considerava ser sua maior responsabilidade: transpor consternação em um ambiente de inércia.

Sobre o autor:
Wolfgang Borchert é considerado um dos escritores mais importantes do Pós-Guerra na Alemanha. Durante os dois últimos anos de sua breve vida, escreveu a peça Draußen vor der Tür (1946) [Do lado de fora da porta], uma coleção com dezenove contos, duas coleções de ensaios e duas pequenas coleções de poemas. Pode parecer pouco, comparado a outros autores de tamanha relevância, mas o que impediu Borchert de escrever mais foi muito particular: as decisões tomadas pelo regime totalitário de seu país e as respectivas consequências que o levaram à morte. Para se entender o estilo e o ponto de vista do autor, é importante que se verifique o contexto sociopolítico em que ele viveu, uma vez que as duas guerras mundiais compõem a temática da maioria das obras de Borchert.

Título: TRILOGIA DA TERRA ESPANHOLA
Autora: Luciana Ferrari Montemezzo

Tradução anotada e comentada das peças:
Bodas de sangue, Yerma e A casa de Bernarda Alba

ISBN: 978-65-84571-13-6

Formato: 14 x 21
Páginas: 352
Gênero: Teatro
Publicação: Bestiário / Class, 2022

O leitor pode se perguntar por que, passados mais de oitenta anos da morte de Federico García Lorca, ainda é importante traduzir e publicar a parte mais conhecida de sua obra dramática no Brasil. O que torna esses textos ainda interessantes para o público brasileiro do século XXI? E haverá companhias dispostas a encená-las, apesar de serem peças com um grande número de personagens e cenários diferentes, o que, certamente, demanda elevados recursos humanos e financeiros?
Se este mesmo leitor souber que, antes delas, há outras várias traduções, as perguntas podem ter ainda mais sentido. Não seria válida ainda a primeira tradução, feita em 1944, pela poeta Cecília Meireles? Afinal, trata-se de um poeta traduzindo outro poeta, uma vez que o teatro de Lorca está impregnado de poesia. Ou mesmo alguma das demais traduções posteriores, elaboradas ao longo de quase um século, por vários pesquisadores e artistas?
Uma das possibilidades de resposta é que as traduções, diferentemente das obras que as originam, envelhecem. A língua é dinâmica e mutável.

Sobre a autora:
Luciana Ferrari Montemezzo é professora de Tradução e Literatura Espanhola na Universidade Federal de Santa Maria. Como pesquisadora, dedica-se à obra de Federico García Lorca desde o início dos anos 2000. Esta obra é fruto de sua tese de doutorado, na UNICAMP, seguida de pesquisas de pós-doutorado, na Faculdade de Tradução e Interpretação da Universidade de Granada, Espanha. Ali, onde García Lorca nasceu e foi assassinado, a tradutora buscou compreender a cultura que originou Bodas de Sangue, Yerma e A casa de Bernarda Alba. Além disso, observou as peculiaridades do idioleto andaluz, para aproximar-se dele e, assim, aprofundar-se in loco no universo lorquiano. A tradução anotada e comentada, por fim, tem o objetivo de oferecer ao público a contextualização que nem sempre o texto dramático disponibiliza ao seu leitor.

Título: AMY FOSTER
Autor: Joseph Conrad
Tradução e ensaio: Fernanda Mellvee

ISBN 978-85-94187-54-3

Formato: 14 x 21 cm.
Gênero: Romance
Publicação: Class / Bestiário, 2019

Sinopse

Uma jovem simples, meio sem-graça, humilde e submissa, em sua terra natal. Um jovem cheio de vitalidade, que larga tudo em seu país longínquo e pobre e sai ao mar em busca de esperança e novos rumos, mas se vê de repente náufrago numa terra estranha e hostil. O encontro dos dois é o tema de que se utiliza Joseph Conrad para forjar ‘Amy Foster’. No que parecia uma existência sombria e sem sentido, o rapaz reencontra a esperança no gesto simples e generoso de Amy Foster, moça por quem se apaixona, numa trama que envolve amor, medo e drama profundo. Mais que tudo, ‘Amy Foster’ é o relato pungente sobre a hotilidade às vezes desumana com que as pessoas, com muita freqüência, tratam tudo o que é diferente delas e causa estranheza a seus hábitos e ideias. 

Sobre o autor

Joseph Conrad, nascido Józef Teodor Nałęcz Korzeniowski nasceu no dia 3 de dezembro do ano de 1857, na cidade de Berdichev, na Ucrânia, então dominada pela Rússia czarista. Seus pais eram nacionalistas poloneses e, em decorrência de suas atividades políticas contrárias ao domínio russo, foram mandados para a província de Vologda, ao norte da Rússia. Joseph, aos quatro anos, os acompanhou no exílio. A mãe de Joseph faleceu logo em seguida à chegada à Vologda, e seu pai, quando Joseph tinha onze anos. Após a morte dos pais, Joseph ficou aos cuidados de seu tio Thaddeus Bobrowski. Conrad, aos dezesseis anos, apesar dos apelos do tio para que seguisse carreira universitária, viajou à Marselha, para realizar o seu sonho de viver em alto mar. Em 1878, Conrad embarcou como aprendiz em um navio inglês. Os próximos vinte anos ele permaneceria a serviço da marinha britânica, que deu a ele oportunidade de conhecer países na África, América, Europa e Ásia. Este período propiciou ao escritor as experiências que o acompanharam durante toda a sua obra. No ano de 1886, Conrad tornou-se um cidadão britânico e, em 1894, aposentou-se da marinha, sob o título de capitão-de-longo-curso, para dedicar-se à escrita em tempo integral. Em seu primeiro romance, A loucura do Almayer (1895), o autor dá pista aos leitores sobre o que esperar de suas próximas obras, Almayer é um sujeito solitário, que, em busca de prestígio e riqueza acaba extraviando-se da própria identidade. Toda a obra do escritor é marcada pela temática do conflito do homem contra o próprio homem. Em romances como O coração das trevas (1902), o autor expõe a natureza humana levada aos extremos, onde o ser humano é destituído da própria humanidade. É através do choque de culturas, como se observa em Amy Foster (1901) que o autor propõe uma profunda reflexão sobre a relação entre o indivíduo e a humanidade, bem como entre a civilização e a barbárie. 

Título: LADIES IN LAVENDER
Autor: William John Locke e Fernanda Mellvee

ISBN 978-85-94187-03-1

Dimensões: 14 x 21 cm
Páginas: 54
Gênero: Novela, Ensaio
Ano: 2017

A história que inspirou o filme de Charles Dance “O violinista que veio do mar” com atuação de Judi Dench, Maggie Smith e Daniel Brühl

O escritor William John Locke nasceu no dia vinte de março de 1863, em Demerara, na Guiana Inglesa. Locke foi romancista, dramaturgo, porém, seus contos e novelas o fizeram conhecido além de seu país. Entre as suas principais obras está a coletânea Far-away Stories, que, no ano de 1919 foi publicada reunindo diversos contos, entre eles, Ladies in lavender. William John Locke faleceu em Paris, aos sessenta e sete anos, no ano de 1930.

Fernanda Mellvee é o pseudônimo de Fernanda de Mello Veeck, que nasceu na cidade de Porto Alegre, no ano de 1985. A tradutora é graduada em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde atualmente é mestranda em Teoria, crítica e comparatismo. Apaixonada por Prosa e Poesia, tem poemas e contos publicados em diversas antologias. Em 2014, venceu o 2º concurso de contos da Feira do Livro de Santo Ângelo-RS. Entre os mestres que a inspiram estão Álvares de Azevedo, seu primeiro amor da literatura, depois vieram Tchekhov, Tolstoi e Dostoievski.

Título: ROMANCE DE AMOR E LOUCURA
OU A HISTÓRIA DE ALBERTO R.
Autor: Roger Cardús Juvé

ISBN : 978-85-94187-57-4
Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 242
Gênero: Romance
Publicação: Class, 2019

Este romance traz uma história que nos prende do início ao fim. O personagem central vive uma doença psíquica da qual tem plena consciência, e isso agrava seu sofrimento. Ele tenta desesperadamente ir à busca do amor como forma de realização erótica e sentimental, mas, mais do que isso, como uma maneira de encontrar seu lugar no mundo. É esse mesmo desejo que o faz percorrer um itinerário que começa em Nova York e palmilhar os caminhos dos Andes, à busca das circunstâncias em que um homem tentou violar o expositor que abriga a múmia de Juanita, a menina morta numa celebração sacrificial. O leitor já percebe, por este simples enunciado, que estamos perante uma narrativa forte, de amplo espectro, capaz de nos falar à inteligência e à imaginação. Confesso-me encantado com esta ficção de Roger Cardús, um escritor completo, na plenitude de seus meios expressivos.

Luiz Antonio de Assis Brasil
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SOBRE O AUTOR
Roger Cardús Juvé nasceu em Barcelona em 1975. Formado em Humanidades e mestre em Teoria da Literatura e Escrita Criativa, trabalhou no mundo editorial como editor, tradutor e revisor. Morou em Porto Alegre de 2005 a 2012 e adotou o português como língua de criação literária. Autor de Una barca, un riu, livro publicado na Espanha pela Editora SM, também escreveu contos publicados em revistas e antologias do Brasil e de Portugal.

Título: EM BREVE MEU AMOR  
Autora: Ana Sofia Brito

Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 72
Gênero: Contos
Publicação: Bestiário, 2022

ISBN 978-65-85039-03-1

Este livro começou no primeiro confinamento ditado pela pandemia. Ana Sofia Brito aproveitou os dias sem sair de casa para vasculhar todos os seus cadernos e papéis. Rasgou muito do que lhe entulhava as gavetas, mas também aproveitou muito – nas suas palavras, o que achava decente. O convite para escrever para um jornal e o encorajamento aí recebido levaram à ideia de um livro.
Em Breve, Meu Amor junta textos que vão do puro manifesto à prosa poética, mas todos têm algo próximo da autora: o amor, a família, os amigos, as viagens ou práticas que fazem parte dos seus dias. A escrita é simples mas surpreendente, e vamos por ela descobrindo que a cada momento podemos ser confrontados com muito do que mais profundamente toca cada um de nós.

Sobre a autora:
Ana Sofia Brito nasceu em Albufeira, Portugal, em dezembro de 1983. Aos dezasseis anos começou a trabalhar em teatro, como atriz, em paralelo com espetáculos de rua, e aos dezassete ingressou na Universidade de Coimbra, onde esteve dois anos. Posteriormente estudou teatro, teatro físico e circo em cidades como Barcelona, Rio de Janeiro e Lisboa. Em 2020 completou vinte anos de carreira como artista performativa. Frequenta o Clube de Escrita Criativa de Lagoa desde 2017. Em 2021, em plena pandemia, escreveu e publicou o seu primeiro livro, Em breve, meu amor, que conta com apresentações em Portugal e no Brasil. Atualmente, está em digressão com o seu mais recente espetáculo, Amor ou Sanidade, escreve para o jornal SeteMargens e tem um programa de rádio intitulado Palavra Corrente.

Título: ROST
Autor: Guy Helminger
Organização: Gerson Roberto Neumann
Tradução: Júlia Regina Köchert Fussieger, Marina Canofre
e Sofia Froehlich Kohl

PRIX SERVAIS, LUXEMBURGO

ISBN: 978-65-88865-68-2 

Formato: 14 x 21
Páginas: 132
Gênero: Contos
Publicação: Class, 2021

Nas histórias de Guy Helminger, muitas vezes não é preciso muito para tirar os protagonistas do caminho. Um olhar torto, um movimento errado, um feixe de luz caindo muito obliquamente – uma construção de vida cuidadosamente construída começa a vacilar. Sempre que o inesperado se intromete na vida cotidiana dos personagens de Helminger, seu verdadeiro caráter se torna aparente: agressão, necessidade excessiva  de reconhecimento, narcisismo patológico, medo e insegurança controlam seus sentimentos e comportamento. Mas mesmo nos cenários de ameaça mais opressivos, o autor mina as expectativas de seus leitores. Porque mesmo em momentos terríveis, às vezes até cruéis, há espaço para elementos líricos e nuances poéticas que sublimam a violência crua.

Sobre o autor:
Guy Helminger nasceu em Esch / Alzette, Luxemburgo em 1963 e vive como escritor em Colônia, Alemanha, desde 1985. Junto com seu colega Navid Kermani, moderou o “Salão Literário Internacional”, no Stadtgarten de Colônia, por muitos anos. Em 2002 recebeu o prêmio de promoção do teatro juvenil do estado de Baden-Württemberg, no mesmo ano, o Prix Servais, pela coleção de contos “Rost”. Em 2004, por ocasião da 28ª Jornada de Literatura Alemã em Klagenfurt, recebeu o Prêmio 3sat. 2006, Prix du mérite culturel de la ville d’Esch. Além de inúmeras peças teatrais, radiofônicas e líricas, publicou o volume de contos “Etwas fehlt immer” (2005), bem como os romances “Morgen war schon” (2007) e “Neubrasilien” (2010).

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