Livros

Título: NADA É SUFICIENTE…
Autor: Guy Helminger

ISBN: 978-65-84571-16-7

Formato: 14 x 21
Páginas: 224
Gênero: Contos alemães
Publicação: Bestiário / Class, 2022

Poucas coisas animavam Frank Perl tanto como andar de bicicleta. Havia dias em que ele já se encontrava sentado naquele banco logo depois do café da manhã, e só ao escurecer percebia que não havia comido nada durante todo aquele tempo. Ele pedalava pela cidade e, vez ou outra, quando surgia a oportunidade, e ele sabia que lhe seria concedida aquela alegria tão ímpar, ele soltava o guidão, levantava-se e planando sobre a
bicicleta dava um tapa na nuca de um transeunte.

Com o lançamento no Brasil desta primeira tradução de Etwas fehlt immer (Nada é suficiente…), obra do escritor luxemburguês radicado em Colônia, Guy Helminger, damos continuidade à divulgação da literatura de língua alemã para o público de língua portuguesa.

Sobre o autor:
Guy Helminger nasceu em 1963 em Esch/Alzette (Luxemburgo) e vive como escritor em Köln, na Alemanha, desde 1985. Ele escreve poesia, romances, peças de rádio, teatro, roteiros e aparece como moderador de eventos literários.
Em 2002 ele recebeu o Förderpreis für Jugend-Theater des Landes Baden-Württemberg e, no mesmo ano, o Prix Servais pelo livro “Rost”. Sua cidade natal lhe concedeu o Prix du mérite culturel de la ville d’Esch em 2006. Em 2016 ele recebeu o Prêmio Dresden de Poesia e acaba de receber o Prêmio Gustav Regler 2020.
A editora capybarabooks publicou até agora a coleção de peças “Venezuela” (2015) e a peça “Jockey” (2019), as novas edições da coleção de contos “Rost” (2016) e o romance “Neubrasilien” (2020), o livro infantil “Eng Taass fir d’Nefertiti Nilpäerd” (desenhos de Manuela Olten, 2015), os relatos de viagem “Die Allee der Zähne”. Aufzeichnungen und Fotos aus Iran” (2018) e “Die Lehmbauten des Lichts. Aufzeichnungen und Fotos aus dem Jemen” (2019) foram publicados recentemente. O último romance de Guy Helminger, “Die Lombardi-A.

Título: O LIMÃO
Autor: Motojirô Kajii
Tradução: Karen Kazue Kawana

ISBN 978-65-88865-17-0
Formato: 14 x 21 cm
Páginas: 212
Gênero: Contos japoneses
Publicação: Class, 2021

Motojirō Kajii 
(1901-1932) morreu aos trinta e um anos, vitimado pela tuberculose que contraiu aos dezenove. A doença, com a qual conviveu por vários anos, é presença constante em seus textos, assim como a consciência da morte, pois ele perdeu vários membros da família para esse mal e não ignorava que teria o mesmo destino. E, talvez por isso, a escuridão na qual os objetos se fundem e desaparecem também seja outro tema frequente. Sua escrita, original e poética, revela uma sensibilidade e capacidade de observação extraordinárias. Um simples limão, um concerto musical, a paisagem contemplada de uma janela, cerejeiras em flor, sapos; cenas e objetos do cotidiano lhe despertam emoções e associações inusitadas.
Kajii nasceu em Osaka, frequentou uma escola técnica em Quioto com a intenção de estudar engenharia, mas seu interesse pela literatura o levou a ingressar no departamento de literatura inglesa da atual Universidade de Tóquio em 1924. No ano seguinte, ele criou a revista literária Aozora (Céu Azul) junto com amigos de Quioto que estudavam na mesma instituição. Boa parte de seus contos foi publicada nessa revista. Devido ao agravamento de sua doença, Kajii não concluiu o curso e passou algum tempo na estância termal de Yugashima, na Península de Izu, para convalescer, mas seu estado não melhorou e ele viveu seus últimos anos sob os cuidados da família em Osaka.
A coletânea O Limão (Remon), publicada em 1931, e o conto “Um paciente despreocupado”, publicado pouco antes de sua morte no ano seguinte, constituem praticamente toda a sua produção literária. Apesar da breve carreira de escritor, seus textos chamaram a atenção de autores renomados como Yasunari Kawabata (1899-1972), com quem Kajii jogava partidas de go e discutia literatura durante a estadia em Yugashima, e de críticos como Hideo Kobayashi (1902-1983). Hoje, muitos japoneses o conhecem por terem lido o conto que dá título a esta coletânea nas aulas de literatura do ensino secundário.
Os contos reunidos aqui descrevem as angústias, as alegrias e as pequenas descobertas cotidianas do autor. Neles, Kajii narra sonhos e devaneios de sua imaginação. Acontecimentos e cenas banais adquirem profundidade e se transformam em reflexos de sua “paisagem interior”.

Karen Kazue Kawana
Jaguariúna, 2 de fevereiro de 2021.

Título: ENQUANTO A ÁGUA FERVE
Autor: Henry Lawson

Inclui o ensaio:
A voz do Homem Comum:
Henry Lawson e Simões Lopes Neto

Autor: Ian Alexander

ISBN : 978-85-94187-92-5
Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 198
Gênero: Contos australianos
Publicação: Class, 2021

Poucos brasileiros conhecem a obra de Henry Lawson (1867-1922), do mesmo jeito que poucos australianos conhecem o seu contemporâneo João Simões Lopes Neto (1865-1916), mas os dois são reconhecidos nas suas respectivas terras natais como pioneiros na ficção curta. Seus contos não apenas retratam a experiência de certo tipo de homem comum – branco, livre, trabalhador rural das grandes planícies pastoris do hemisfério sul –, mas são narrados na sua própria voz.

Sumário

A Austrália e os contos de Henry Lawson | 7
A Austrália do século XIX | 8
Os contos e as traduções | 18
Os vários usos de bush | 23
Nomes próprios | 25
Medidas e unidades | 27

Enquanto a água ferve | 31
Num período de seca | 33
Mitchell: em poucas palavras | 37
O sindicato enterra um dos seus | 40
À última sombra | 46
Mitchell não acredita em ser despedido | 48
Os que sobraram | 50
Rats | 57
Um velho amigo do seu pai | 61
Outro plano de Mitchell pro futuro | 65
Um dia | 68
Prosa de fogueira | 71
O homem que esquecia | 75
O amigo de Macquarie | 82
Brummy Usen | 87
Dormindo ao relento e acampando | 91
Num período de chuva seguindo a ferrovia | 95
Esse meu cachorro aí | 101
Hungerford | 105
Voltou sem rumo | 109
Reenviado | 112


Na voz do Homem Comum:
Henry Lawson e Simões Lopes Neto | 117
A leitura do mundo | 126
O universo rural | 136
A cegueira particular dos governos | 146
O branco livre e seus outros | 156
Mulheres narradas por homens | 164
Triângulos passionais | 172
Uma conclusão | 184

Créditos | 186
Referências | 187

Fotografias | 189

Sobre o autor:
Henry Lawson nasceu no inverno de 1867, numa barraca no interior da Austrália, o primeiro de quatro irmãos. Durante a infância, a família se mudou com frequência, até o pai (um marinheiro norueguês chamado Niels Larsen) abandonar o sonho de enriquecer nos antigos campos de ouro. Em 1871, conseguiram uma pequena propriedade na reforma agrária, mas nunca foi o suficiente para sustentar seis pessoas; aos 15 anos, Henry teve que começar a trabalhar, depois de apenas três anos de ensino formal. Os pais se separaram, e Henry foi para Sidney com a mãe, Louisa. Ela incentivou a leitura e a escrita, e o filho começou a publicar poemas e contos em jornais populares. Os primeiros livros de prosa e verso, ambos de 1896, foram de grande sucesso, mas o casamento com Bertha Bredt, no mesmo ano, foi um desastre; nos próximos anos, Lawson foi um dos escritores mais lidos na Austrália, e um marido frequentemente embriagado e violento. Os últimos anos foram de alcoolismo, depressão e prisão, por não pagar pensão para Bertha e os dois filhos. Quando morreu, em 1922, foi o primeiro australiano fora dos círculos da alta política a ser honrado com um funeral de Estado.

Título: ÜBERSEEZUNGEN
Retrato de uma língua e outras criações
Autora: Yoko Tawada
Tradução: Marianna Ilgenfritz Daudt e Gerson Roberto Neumann

ISBN : 978-85-94187-72-7
Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 112
Gênero: Contos
Publicação: Class, 2019

Um livro ousado, repleto de graça e inspiração. Lê-se no título de “Überseezungen” – entre outros significados – as “traduções” que levam a protagonista a viajar ao sul da África, aos Estados Unidos, ao Canadá e de volta ao Japão e à Alemanha (Tawada, nascida e criada no Japão, mora desde 1979 na Alemanha). O leitor aprende muito sobre países, sobre povos e sobre os traços das palavras quando a escritora, em sua perspicácia benjaminiana, expressa a perplexidade e o maravilhamento proporcionados pelas diferentes formas e barreiras linguísticas, as quais investiga espirituosamente em frases simples, ao mesmo tempo vivazes e despreocupadas, que respiram os ares da poesia e da filosofia.

Revista Text + Kritik para a primeira edição de Überseezungen na Alemanha (2002).

Sobre a autora:
Yoko Tawada nasceu em Tóquio em 1960. Em 1979 fez sua primeira viagem à Alemanha pela ferrovia Transiberiana. De 1982 até 2006 morou em Hamburgo; desde então, vive em Berlim. Tawada é autora de contos, romances, ensaios, poesias e peças de teatro, obras que escreve tanto em japonês como em alemão. Seus trabalhos recebem grande atenção e reconhecimento nos círculos literários e acadêmicos de todo o mundo devido ao grande valor literário que possuem bem como de suas características multilíngues e interculturais. Dentre inúmeros prêmios de literatura recebidos pela autora, destacam-se o Prêmio Kleist, recebido na Alemanha em 2016 e o Prêmio Fundação Japão, recebido no Japão em 2018.

Título: O ÔMNIBUS CELESTE E OUTROS CONTOS
Autor: E.M. Forster
Tradução: Vinícius Casanova Ritter

ISBN 978-85-94187-53-6

Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 116
Gênero: Contos
Publicação: Class / Bestiário, 2019

Nesta coleção de contos temos em maioria os primeiros escritos de E. M. Forster. Pode-se dizer que o fio condutor destas seis histórias é a resistência à Inglaterra industrial e a tudo que resultou dela. Em todos os contos temos exemplos de personagens com aquilo que Forster chamava de “o homem inglês com o coração subdesenvolvido”, tanto como heróis e anti-heróis. A parte que falta nesses corações é a conexão com a literatura, com a subjetividade. Os caminhos traçados pelo Sr. Lucas em A estrada vindo de Colono, por Harry em O amigo do vigário, pelo garoto e pelo Sr. Esbeno em O ômnibus celeste, pelo homem que andava na estrada em O outro lado da cerca, pela Srta. Beaumont e por Harcourt em Outro reino e por Eustácio em A história de um pânico servem de inspiração para as próprias decisões do leitor perante a literatura. Cada um desses caminhos tem suas consequências, resta encontrar onde todos eles se cruzam.

Sobre o autor

Edward Morgan Forster (1879-1970) foi um escritor inglês conhecido pelos seis romances que escreveu , quatro deles já publicados em português — Maurice, Um Quarto com Vista, Howards End e Uma Passagem para a Índia. Também foi professor na Universidade de Cambridge, onde escreveu o clássico Aspectos do Romance, também disponível em português, e as coleções de ensaios Abinger Harvest e Two Cheers for Democracy, ainda não traduzidos no Brasil, que tratam da literatura e cultura europeias. Forster foi reconhecido como um grande escritor desde o primeiro texto publicado, A História de um Pânico, em 1902, e deixou sua marca como um dos romancistas e ensaístas mais influentes na Inglaterra do século XX.

Título: A GRAVATA DE VILLON
Autor: Attila F. Balázs

Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 60
Gênero: Poesia romena
Publicação: Poesia pelo mundo, 2023

ISBN 978-65-980457-0-8

A poesia de Attila F. Balázs é uma poesia do estranhamento. O poeta é um ser que, mesmo coexistindo dentro do sistema, se opõe a ele, e dispõe a poesia que faz como uma arma de denúncia. O mundo o invade com sua violência e, muitas vezes, o seu tédio. As palavras parecem ser mais reativas à realidade do que fruto de uma elaborada consciência reflexiva. Uma escrita automática, às vezes. Por isso, são vias cáusticas e irreverentes. Não que não exista na poesia do autor visão de mundo, ou ideologia. Mas a descrença é o dom maior, ou o dó maior dessa pauta. Relaciona-se de longe com os poetas malditos, do qual Villon é inclusive o título. Mais proximamente comunga com a geração beat norte-americana. Sua poesia é feita dessas nuances de revolta e melancolia. Tinge-se das tintas do dia a dia, das notícias dos jornais e da internet, colore-se do sangue das guerras externas e das batalhas internas. Inscreve-se no coloquial onde as palavras são bens de troca, para dar-lhes significado e valor. O seu mundo, aquele que lhe foi dado viver, naquela região da Europa, viu muitos regimes alçarem-se e caírem, enquanto o indivíduo é levado adiante junto com seus semelhantes, para onde? O poeta se pergunta sempre para onde irão ele e seus irmãos caminhantes num mundo onde o absurdo fez morada sem pedir licença. É poesia do desencontro, poesia da procura por algo que não se sabe se estará na linha do horizonte, algum dia. A poesia ocupa o espaço do vazio, preenche o nada. A poesia tem serventia?

Sobre o autor:
Attila F. Balázs nasceu na Transilvânia em 15 de janeiro de 1954. Fez seus estudos no Instituto de Teologia Católica em Alba Iulia. Graduou-se em Biblioteconomia e tradução literária em Bucareste. Trabalhou como bibliotecário no Condado de Harghita Biblioteca em Miercurea Ciuc até 1989. Em 1990, mudou-se para a Eslováquia. Entre 1990 e 1992 foi editor do Szabad Újsag (Bratislava), colaborou com o Új Szó e era o gerente da Madách – House em Bratislava. Em 1994, fundou a Editora AB-ART, da qual é diretor até agora. É membro da Associação de Escritores Húngaros ' da Academia Europeia de Ciências, Artes e Letras, Paris. É autor de mais de doze livros de poesia e prosa, e é tradutor de cinquenta livros de poesia e ficção. Attila F. Balázs recebeu inúmeros prêmios em reconhecimento ao seu trabalho literário: Prêmio Opera Omnia Arghezi (Târgu Jiu, Romênia 2014; Prêmio Dardanica, Bruxelas-Prishtina; Prêmio Lucian Blaga (Romênia, 2011); Prêmio Lilla (Hévíz, 2011); Prêmio EASAL, Paris, 2020; Prêmio Madách (Eslováquia, 1992); World English Writer’s Índia, 2019; Prêmio Lukijan Mušicki, Belgrado, Sérvia, 2019; Prêmio internacional Dardanica, Bruxelas / Prishtina, 2019; Prêmio Internacional Camaiore, Itália, 2021; Prêmio Forbáth, Eslováquia, 2021, No dia 10 de outubro de 2018, o Conselho de Curadores da Academia Mundial de Artes e Cultura confere a F. Attila Balázs o Grau Honorário de Doutor em Letras. (Emitido no XXXVIII Congresso Mundial de Poetas em Suiyang, China). Suas obras foram traduzidas em 20 idiomas. Poeta convidado, participa regularmente de diversos festivais  em todo o mundo ( Nicarágua, Colômbia, Venezuela, Canadá, Turquia, Peru, Equador, Marrocos, Macedônia, China, Vietnã, Tcheca República, Eslováquia, Áustria, Azerbaijão, Moldávia, Romênia, Sérvia, Montenegro, Quênia, Espanha, Itália. No Brasil, publicou o livro de poesia Minimal, pela editora Aty, Porto Alegre, 2013, com tradução de Carolina Degrazia e José Eduardo Degrazia.

Original price was: R$ 38,00.Current price is: R$ 18,00.

Título: O HOMEM DO TRATOR  
Autora: Ana Sofia Brito

Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 64
Gênero: Poesia
Publicação: Bestiário, 2022

ISBN 978-65-85039-02-4

Nos versos que escreve, Ana Sofia Brito procura dar voz a quem não a tem, procura uma ligação entre os invisíveis e o resto do mundo. «É como se tivesse o poder de eternizar algo que sem isso seria esquecido», partilha, assinalando que «é esse o poder do contador de histórias, trazer o invisível para o campo de visão de quem lê».
A poesia traz-lhe a noção de atenção, de observação, de eternização de um pensamento ou ideia. Para si, «essa é a maior riqueza de estar vivo, prestar atenção à própria vida e aprender com todas as imagens que ela nos traz».
Em O Homem do Trator, encontra as situações do dia-a-dia que não consegue ignorar ou esquecer. «São fragmentos de vidas que capturo e nos quais a minha imaginação permanece pairando agitada até à tentativa de tradução», diz. «É como se fossem momentos cujo esquecimento me deixaria mais pobre.»

Sobre a autora:
Ana Sofia Brito nasceu em Albufeira, Portugal, em dezembro de 1983. Aos dezasseis anos começou a trabalhar em teatro, como atriz, em paralelo com espetáculos de rua, e aos dezassete ingressou na Universidade de Coimbra, onde esteve dois anos. Posteriormente estudou teatro, teatro físico e circo em cidades como Barcelona, Rio de Janeiro e Lisboa. Em 2020 completou vinte anos de carreira como artista performativa. Frequenta o Clube de Escrita Criativa de Lagoa desde 2017. Em 2021, em plena pandemia, escreveu e publicou o seu primeiro livro, Em breve, meu amor, que conta com apresentações em Portugal e no Brasil. Atualmente, está em digressão com o seu mais recente espetáculo, Amor ou Sanidade, escreve para o jornal SeteMargens e tem um programa de rádio intitulado Palavra Corrente.

Título: O ENORME IMBONDEIRO
Autor: Fernando Manuel Bunga

ISBN: 9786584571303

Formato: 12 x 18
Páginas: 80
Gênero: Poesia
Publicação: Class, 2022

O Enorme Imbondeiro, – mais conhecido como baobá, no Brasil – é um livro de haicais tradicionais compostos a partir de cenas do dia a dia, captadas através do meu olhar atento a natureza e ao cotidiano angolano, com maior realce para a província do Uíge, onde resido. Cenas que agora busco partilhar e enternizar nas páginas seguintes. Dada a universalidade do poema haicai, leitores de outras paragens identificar-se-ão com este livro, não só pela poesia inerente ao haicai, mas, em grande parte, pela similaridade com os haicais compostos em seus países.

Sobre o autor:
Fernando Manuel Bunga, haicaísta de haigô ou nome haicaístico Mandioca, é natural da Província do Uíge, em Angola, onde nasceu aos 4 de outubro de 1997. É estudante do curso de Linguística Portuguesa, pelo Instituto Superior de Ciências de Educação – ISCED-Uíge. Amante da cultura e literatura japonesa, dedica-se ao estudo e a prática do haicai tradicional. Tem participação nas seguintes antologias: “Geração 90”, “Eles Não Vão Nos Calar”, “Antologia Comemorativa do VI Festival de Lisboa” e no ebook “Quatro Estações” vol.4. Publica as suas produções nas seguintes revistas: Cultura Traços, Revista Inversos, Literalivre, Ecos da Palavra e Nikkey Bungaku. Juntamente com haicaístas brasileiros seus haicais são publicados mensalmente na Coluna Haicai Brasileiro, do Jornal Nippon Já (antigo Jornal Nippak).

Título: CORVOS
ENSAIO E TRADUÇÃO DOS HAICAIS DE KOBAYASHI ISSA, COM ILUSTRAÇÕES DE KAWANABE KYÔSAI.
Autores: Andrei Cunha e Roberto Schmitt-Prym

ISBN: 978-65-84571-13-6

Formato: 14 x 21
Páginas: 84
Gênero: Ensaio
Publicação: Bestiário / Class, 2022

Quando, já no século XIX, Kobayashi Issa menciona o corvo em seus poemas, o pássaro já foi admitido ao mundo do haicai como um tópico legítimo, fazendo referência tanto a situações melancólicas quanto cômicas. O poeta não o associa a uma única estação, fazendo uso de diferentes comportamentos do corvo ao longo do ano para marcar a passagem do tempo. Issa acha que o corvo é esperto e traiçoeiro, algo que ele aprendeu das crenças populares; e o associa às pessoas simples — em contraste com o rouxinol, de fama mais aristocrática. O corvo é um pássaro muito inteligente e, como nós humanos, onívoro; ele pode tanto buscar alimento nas lavouras como no lixo, e pode mesmo roubar comida das casas, como ficará claro na leitura dos poemas aqui reunidos. Por ter esse comportamento complexo, o corvo é um tópico ideal para Issa, autor muito conhecido pelos poemas em que imagina características humanas em insetos, ratos, passarinhos e outras criaturas pequenas ou humildes.

Sobre os autores:
Kawanabe Kyôsai (河鍋暁斎, 1831–1889) foi pintor e xilógrafo. Considerado por muitos como o “herdeiro de Hokusai”, Kyôsai pertencia a uma família de samurais. Começou a estudar aos sete anos de idade com Utagawa Kuniyoshi e, posteriormente, com mestres da Escola Kanô. Na segunda metade do século XIX, instalou-se em Edo e passou a atuar como um artista com ateliê próprio. Com a Restauração Meiji, começou a publicar caricaturas e sátiras do governo, o que rendeu-lhe inúmeras noites na cadeia. Foi imensamente produtivo, tendo criado a primeira revista com histórias em quadrinhos e orientado inúmeros discípulos. Participou da Exposição de Viena de 1873 e da Exposição de Paris de 1878.

Kobayashi Issa (小林一茶, 1763–1827) foi um escritor e poeta japonês. Teve uma vida atormentada, que explorou em diários, marcada pelas desavenças familiares, pela morte de vários filhos e outros desgostos, como a morte da primeira esposa. Estudou haicai com um professor chamado Chikua, que seguia a tradição de Bashô, e em cujo grupo Issa publicou diversos poemas, vindo a tornar-se o mestre do grupo com a morte do professor. Foi afastado um ano depois, por diferenciar-se demais do haicai ortodoxo. Viajou por dez anos para ocupar o tempo e em algum momento se tornou monge budista, mas casou-se novamente aos 63 anos e mais uma vez aos 64 anos e quando faleceu deixou uma esposa e uma filha ainda não nascida.
Issa é lembrado como grande autor de haicai, sendo o mais importante autor deste gênero na terceira fase clássica, demonstrando subjetivismo, crítica social e piedade. Na sua obra, as referências às estações do ano não são obrigatórias, o que diferencia sua obra daquela dos haicaístas clássicos, sendo também o apelo aos sentidos, principalmente à imaginação visual, menos intenso do que em Bashô ou Buson. Seus poemas o tornaram popular por explorarem um certo lado cômico e até nonsense da vida e da natureza.

Título: POEMAS das trilhas e da escola de BASHÔ
Autor: Roberto Schmitt-Prym

ISBN: 978-65-84571-17-4

Formato: 14 x 21
Páginas: 130
Gênero: Poesia japonesa
Publicação: Bestiário / Class, 2022

A fama de Bashô, que se estendeu a partir de sua poesia, o consagrou também como professor, Bashô dá aulas por correspondência. É justamente o fato de ficar preso em casa, dando aulas que lhe deixa insatisfeito, começam, nesse período as suas viagens. Durante esse tempo, sus alunos começam a construir uma casa em melhores condições para o mestre. As viagens em prendidas pelo poeta, são a partir de 1684, registradas em seus diários. Bashô volta a Ueno, local de nascimento; estende-se ao monte Fuji, santuário de Ise, Nagoya (onde tinha seguidores) e vai até Nara, Ôgaki e Quioto. São essas viagens que lhe permitem apanhar materias para a escrita poética. Seus diários estão repletos de comentários e haicais que foram escritos durante o percurso. Além das poesias que complementavam os escritos, Bashô escreve também a prosa de forma poética e mais elaborada, para diferenciar da forma banal e corriqueira dos diários. Nesses textos são trabalhados os haicais, na sua evolução e independência do renga. Nos anos seguintes isola-se do convívio social e passa a ensinar haicai em casa. Nesse tempo são muitos os seus seguidores e discípulos.
Outras viagens surgem, como a visita ao mestre Buttchô, acompanhado do discípulo Sora e do monge Sohâ. Volta também ao percurso da primeira viagem, e cansado da fama que em cada local lhe aguardava com recepções resolve viajar para lugares desconhecidos e selvagens: veste-se de monge e em companhis de Dora, parte para a sua mais conhecida e importante viagem. Joaquim M. Palmacomenta que “Partir em viagem era para Matsuo uma incomparável oprtunidade para poder experimentar momentos de grande plemitude e descoberta, tanto no que dizia respeito à contemplação da beleza ou fealdade dos homens e das coisas terrenas, como ao encontro com o seu eu interior.” (2016, p.27). As viagens permitiam a Bashô a observação da natureza e das paisagens e tantas outras vezes das comunidades, das famílias, das festividades e da vida em sociedade. Rituais e costumes, cores, cheiros, comidas que eram preparadas para datas especiais, sentimentos de expectativa, felicidade ou apenas resignação estendiam-se à sua percepção em cada trajeto, percurso, estrada que se apresentava em suas viagens.

Sobre o autor:
ROBERTO SCHMITT-PRYM nasceu em 1956, em Panambi, RS. Foi destaque no Prêmio Apesul Revelação Literária 1979 e no Prêmio Habitasul Correio do Povo Revelação Literária 1981. Estudou com Charles Kiefer e com Luiz Antonio de Assis Brasil. Participou das antologias Contos de oficina 35, brevissimos! e 101 que contam. Publicou a tradução da obra Giacomo Joyce, de James Joyce; Todos os haicais, de Ryokan Taigu, e é autor de Contos vertiginosos (2012), sombra silêncio (2018), lugar algum (2020), entre outros. Sobre a sua obra foi publicado, por Eduardo Jablonski, o livro O belo na obra de Roberto Schmitt-Prym (2020). Como fotógrafo, realizou sua primeira exposição individual no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, em 1990. Desde então, realizou mais de vinte exposições individuais em museus e instituições no Brasil e no exterior, exposições coletivas e recebeu uma dezena de prêmios em diversos países. Entre outras atuações, destacam-se os cargos de diretor da Associação Rio-grandense de Artes Plásticas Chico Lisboa, diretor da Bienal do Mer-cosul, conselheiro da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre e diretor do Museu Julio de Castilhos.

Título: TODOS OS HAICAIS
Autor: Ryōkan Taigu
Tradução: Roberto Schmitt-Prym
Ensaio: Andrei Cunha

ISBN 978-85-94187-41-3

Formato: 12 x 18 cm.
Páginas: 70
Gênero: Poesia
Publicação: Class / Bestiário, 2020

Coleção completa dos haicais do monge budista Ryōkan Taigu, em edição bilíngue.

A produção poética de Ryôkan se encontra dispersa em diários, cartas, anotações, leques, biombos, trabalhos de caligrafia, desenhos e outras obras que ele produziu ao longo da vida e que foram preservadas pelas pessoas que conviveram com ele. Assim, os haicais desta antologia se apresentam numa ordem não cronológica, baseada na forma tradicional das coletâneas de poesia do Japão, que agrupa poemas em torno de temas sazonais.

Sobre o autor

Ryôkan Taigu (良寛大愚) (Izumozaki, na atual Fukushima, 1758-1831) foi um poeta, caligrafista e monge zen-budista que viveu grande parte de sua vida como um eremita. É lembrado como o grande poeta do zen-budismo e comparado a Francisco de Assis em seu significado como religioso para os budistas.
Os nomes religiosos com os quais se intitulou significam “Vasta Tolerância” (Ryōkan) e “Grande Louco” (Taigu), mas os relatos dos seus contemporâneos também falam do seu calor humano e compaixão.
Aos dezoito anos, decidiu entrar em um mosteiro.
Estudou com o famoso professor Kokusen Roshi da escola Sotō.
Após a morte de seu mestre, Ryōkan passou os próximos vinte anos em um eremitério nas montanhas.
Embora não tenha escrito em um único estilo, por possuir um espírito inovador, grande parte dos seus mais de 1.400 poemas foram compilados por pesquisadores (Ryokan somente distribuía poemas a amigos). O poeta praticou largamente o haicai.
Em 1826, Ryōkan ficou doente e não pôde continuar vivendo como eremita. Ele se mudou para a casa de um dos seus patronos, Kimura Motouemon, e foi cuidado por Teishin, pela qual se apaixona e, embora raramente estivessem juntos, nos próximos três anos escreveu o que, aparentemente, são alguns dos mais belos poemas de amor da literatura japonesa.

Título: SHIKI, INVENTOR DO HAICAI MODERNO
(Edição bilíngue Português / Japonês)

PRÊMIO AÇORIANOS
FINALISTA PRÊMIO AGES

Autores: Andrei Cunha e Roberto Schmitt-Prym

ISBN: 978-65-88865-12-5

Formato: 14 x 21
Páginas: 96
Gênero: Poesia, Ensaio, haicais
Publicação: Class, 2021

No Brasil, o haicai é, ao mesmo tempo, um elemento da nossa modernidade e venerado como a mais tradicional expressão da poética japonesa. Se hoje se escreve haicai nas mais diversas línguas, se o gênero sobrevive com força em inúmeras culturas, isso se deve em grande parte ao esforço de um poeta japonês: Masaoka Shiki (1867–1902). O presente livro busca apresentar ao leitor brasileiro esse poeta e crítico de haicai, responsável pela reinvenção da forma poética para o século XX — período no qual o haicai deixou de ser uma prática isolada da literatura japonesa e passou a ser um artefato estético presente nas mais diferentes culturas do mundo. Ao rejeitar os fazeres tradicionais das escolas de haicai de sua época, Shiki transformou o pequeno poema de três versos de 5-7-5 sílabas em uma espécie de sketch pictórico da vida real, ou ainda em um registro (pretensamente “sem ornamentos”) do instante, à maneira da fotografia. Devido a seu caráter (aparentemente) simplista, tanto a fotografia como o haiku de Shiki parecem convidar o desprezo do crítico desavisado que atribui uma falta de elaboração, uma ausência de artifício, ao fazer do haicaísta ou ao clique do fotógrafo. Ora, a argumentação em favor do haicai observado do cotidiano é praticamente a mesma que se apresenta em defesa da fotografia: a arte está no efeito de destaque que o retrato confere à coisa retratada. O ato de selecionar algo para o tópico do poema (ou para o objeto da lente) torna a coisa mais nua, mais expressiva, mais abstrata do que se observada em seu contexto; e essa descontextualização, esse gesto tão moderno de retirada do objeto do lugar onde se encontrava, para expô-lo enquadrado em uma moldura, ou feito linguagem no parco limite de uma métrica curta, confere novos significados, surpresas e associações às mais humildes realidades.

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