Livros

Título: POEMAS das trilhas e da escola de BASHÔ
Autor: Roberto Schmitt-Prym

ISBN: 978-65-84571-17-4

Formato: 14 x 21
Páginas: 130
Gênero: Poesia japonesa
Publicação: Bestiário / Class, 2022

A fama de Bashô, que se estendeu a partir de sua poesia, o consagrou também como professor, Bashô dá aulas por correspondência. É justamente o fato de ficar preso em casa, dando aulas que lhe deixa insatisfeito, começam, nesse período as suas viagens. Durante esse tempo, sus alunos começam a construir uma casa em melhores condições para o mestre. As viagens em prendidas pelo poeta, são a partir de 1684, registradas em seus diários. Bashô volta a Ueno, local de nascimento; estende-se ao monte Fuji, santuário de Ise, Nagoya (onde tinha seguidores) e vai até Nara, Ôgaki e Quioto. São essas viagens que lhe permitem apanhar materias para a escrita poética. Seus diários estão repletos de comentários e haicais que foram escritos durante o percurso. Além das poesias que complementavam os escritos, Bashô escreve também a prosa de forma poética e mais elaborada, para diferenciar da forma banal e corriqueira dos diários. Nesses textos são trabalhados os haicais, na sua evolução e independência do renga. Nos anos seguintes isola-se do convívio social e passa a ensinar haicai em casa. Nesse tempo são muitos os seus seguidores e discípulos.
Outras viagens surgem, como a visita ao mestre Buttchô, acompanhado do discípulo Sora e do monge Sohâ. Volta também ao percurso da primeira viagem, e cansado da fama que em cada local lhe aguardava com recepções resolve viajar para lugares desconhecidos e selvagens: veste-se de monge e em companhis de Dora, parte para a sua mais conhecida e importante viagem. Joaquim M. Palmacomenta que “Partir em viagem era para Matsuo uma incomparável oprtunidade para poder experimentar momentos de grande plemitude e descoberta, tanto no que dizia respeito à contemplação da beleza ou fealdade dos homens e das coisas terrenas, como ao encontro com o seu eu interior.” (2016, p.27). As viagens permitiam a Bashô a observação da natureza e das paisagens e tantas outras vezes das comunidades, das famílias, das festividades e da vida em sociedade. Rituais e costumes, cores, cheiros, comidas que eram preparadas para datas especiais, sentimentos de expectativa, felicidade ou apenas resignação estendiam-se à sua percepção em cada trajeto, percurso, estrada que se apresentava em suas viagens.

Sobre o autor:
ROBERTO SCHMITT-PRYM nasceu em 1956, em Panambi, RS. Foi destaque no Prêmio Apesul Revelação Literária 1979 e no Prêmio Habitasul Correio do Povo Revelação Literária 1981. Estudou com Charles Kiefer e com Luiz Antonio de Assis Brasil. Participou das antologias Contos de oficina 35, brevissimos! e 101 que contam. Publicou a tradução da obra Giacomo Joyce, de James Joyce; Todos os haicais, de Ryokan Taigu, e é autor de Contos vertiginosos (2012), sombra silêncio (2018), lugar algum (2020), entre outros. Sobre a sua obra foi publicado, por Eduardo Jablonski, o livro O belo na obra de Roberto Schmitt-Prym (2020). Como fotógrafo, realizou sua primeira exposição individual no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, em 1990. Desde então, realizou mais de vinte exposições individuais em museus e instituições no Brasil e no exterior, exposições coletivas e recebeu uma dezena de prêmios em diversos países. Entre outras atuações, destacam-se os cargos de diretor da Associação Rio-grandense de Artes Plásticas Chico Lisboa, diretor da Bienal do Mer-cosul, conselheiro da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre e diretor do Museu Julio de Castilhos.

Título: MISTERIOSO PÁSSARO
Autora: Maria Alice Bragança

ISBN: 978-65-88865-72-9 

Formato: 12 x 18
Páginas: 66
Gênero: Poesia
Publicação: Class, 2021

Há uma beleza no silêncio, por trás dessas cenas diárias, no não-dito, mas que está ali, aqui, agora. Estes pequenos poemas reunidos neste livro são registros de caminhada, um tanto pela cidade, um tanto de olhar pela janela de minha casa, ponto de vista recorrente nestes tempos de quarentena infinita. Muito presente sempre essa mangueira centenária, que alcança agora o quinto andar em que habito, os pássaros, as borboletas, as nuvens, tudo que continua, mesmo efêmero, e continuará para além do calendário humano, um aprendizado.
Intertextos, nestas anotações de uma certa forma estar no mundo, há diálogos ancestrais e com quem foi trilhando antes pelas mesmas sendas. Ecos de Bashô, de Issa, de Shiki, grandes mestres a quem sempre releio, e de tantos outros estão presentes aqui. Alice Ruiz S, e seu “Jardim de haijin”, e Maria Valéria Rezende, e seu “Ninho de haicais”, são presenças inspiradoras, reconhecíveis nesses pequenos poemas, além de outras vozes, a que cada leitor poderá evocar (mesmo que eu mesma possa desconhecer).
Palimpsestos, neste século XXI, a criação é uma recriação do que lemos, vemos e ouvimos, de camadas de memórias.

Sobre a autora:
Maria Alice Bragança nasceu em Porto Alegre, RS. Jornalista, mestre em comunicação, redatora e editora de rádio e jornal, publica atualmente a coluna sobre livros “Estante da Alice”, no site da Rede Sina. Também foi professora de jornalismo e artes visuais. Tem poemas publicados em jornais, antologias nacionais e em Portugal, além dos livros individuais “Quarto em Quadro” (Shogun Arte, 1986) e “Cartas que não escrevi” (Casa Verde, 2019). Mantém, sem periodicidade, o blog “Alice & Labirintos” (alicelabirintos.blogspot.com) e participa do coletivo Mulherio das Letras. Seus poemas foram traduzidos para o espanhol e o inglês e publicados por revistas literárias, como Mallarmargens, Germina e In-Comunidade, entre outras. Em 2021, juntamente com mais de 100 escritores de 70 países, participou do Festival
Internacional de Poesia – FIP Parque Chas – Luis Luchi 100 Años.

Título: O BAMBU BALANÇA
Autor: Felipe Moreno

ISBN: 978-65-84571-12-9

Formato: 12 x 18
Páginas: 92
Gênero: Poesia  / haicais
Publicação: Bestiário / Class, 2022

sem floresta
clama o velho xamã
nada nos resta


do verde ao pasto
da fauna ao gado
as agruras do agro

Sobre o autor:
Felipe Moreno (1993), nasceu em São Paulo e vive em Florianópolis. Graduado em Comunicação Social, faz livros com as mãos pela editora Casatrês. Escreve fragmentos, miniensaios, crônicas, minicontos, aforismos, haicais e haibuns. Recebeu menção honrosa do Prêmio Maraã de Poesia 2019, pela coleção de haicais Disparates e carinhos. “o bambu balança” é sua segunda publicação.

Título: TODOS OS HAICAIS
Autor: Ryōkan Taigu
Tradução: Roberto Schmitt-Prym
Ensaio: Andrei Cunha

ISBN 978-85-94187-41-3

Formato: 12 x 18 cm.
Páginas: 70
Gênero: Poesia
Publicação: Class / Bestiário, 2020

Coleção completa dos haicais do monge budista Ryōkan Taigu, em edição bilíngue.

A produção poética de Ryôkan se encontra dispersa em diários, cartas, anotações, leques, biombos, trabalhos de caligrafia, desenhos e outras obras que ele produziu ao longo da vida e que foram preservadas pelas pessoas que conviveram com ele. Assim, os haicais desta antologia se apresentam numa ordem não cronológica, baseada na forma tradicional das coletâneas de poesia do Japão, que agrupa poemas em torno de temas sazonais.

Sobre o autor

Ryôkan Taigu (良寛大愚) (Izumozaki, na atual Fukushima, 1758-1831) foi um poeta, caligrafista e monge zen-budista que viveu grande parte de sua vida como um eremita. É lembrado como o grande poeta do zen-budismo e comparado a Francisco de Assis em seu significado como religioso para os budistas.
Os nomes religiosos com os quais se intitulou significam “Vasta Tolerância” (Ryōkan) e “Grande Louco” (Taigu), mas os relatos dos seus contemporâneos também falam do seu calor humano e compaixão.
Aos dezoito anos, decidiu entrar em um mosteiro.
Estudou com o famoso professor Kokusen Roshi da escola Sotō.
Após a morte de seu mestre, Ryōkan passou os próximos vinte anos em um eremitério nas montanhas.
Embora não tenha escrito em um único estilo, por possuir um espírito inovador, grande parte dos seus mais de 1.400 poemas foram compilados por pesquisadores (Ryokan somente distribuía poemas a amigos). O poeta praticou largamente o haicai.
Em 1826, Ryōkan ficou doente e não pôde continuar vivendo como eremita. Ele se mudou para a casa de um dos seus patronos, Kimura Motouemon, e foi cuidado por Teishin, pela qual se apaixona e, embora raramente estivessem juntos, nos próximos três anos escreveu o que, aparentemente, são alguns dos mais belos poemas de amor da literatura japonesa.

Original price was: R$ 35,00.Current price is: R$ 18,00.

Título: APENAS UM PIO
Autora: Esther Brum Chagas

ISBN : 978-65-88865-27-9
Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 60
Gênero: Poesia, haicais
Publicação: Class, 2021

Esther Chagas Brum, já nos encantou com sua poesia no livro A menina de tranças, onde mostra sua habilidade como poeta sensível, com poemas que nos levam à reflexão. Ao nos encontrarmos pessoalmente, ela me mostrou alguns haicais que gostava de fazer. Pedi que me ensinasse, porque apesar de ter livros de poesia publicados, bem como de crônicas, além de alguns contos e inúmeros artigos, eu nunca aprendera a fazer haicais.
Agora ao ler o livro Apenas um pio, totalmente recheado de haicais, me surpreendo com a beleza de cada um deles. Esther, brinca com as palavras, compondo uma forma melódica de poesia. Desnuda-se de sua própria carne, mostrando a alma, a inquietude e o fazer de cada sentimento em seus haicais de estrutura graciosa e ao mesmo tempo profunda.


Themis Groisman Lopes
Psiquiatra e escritora


Sobre a autora
Esther Brum Chagas 
nasceu Santa Maria e cresceu em São Vicente do Sul. Como morava na fazenda com seus pais, foi alfabetizada em casa, em caderno de caligrafia, com base em textos poéticos. Completou os estudos em Santa Maria e graduou-se Letras na Faculdade Imaculada Conceição, hoje Universidade Franciscana. Fez Pós-Graduação na UFSM em Gestão Escolar e mais tarde em Orientação Educacional. Atuou em escolas públicas por 36 anos, com alunos trabalhadores, nem sempre presentes nas aulas. Optou por ensinar Literatura de uma forma lúdica, mostrando que a beleza da Lua Cheia no pátio da escola podia transformar-se num breve poema. Nascia o Projeto Haicais, como motivador das aulas. Em 2014, lançou seu primeiro livro, Vento na Janela, pela editora Rio das Letras em Santa Maria. Em 2029, lançou Menina de Tranças, pela mesma editora. Destaca sua temática pela síntese em poemas, contos, crônicas e pen-samentos poéticos. Ministrou oficinas de haicais em escolas públicas da sua cidade, assim como palestras para professores, sobre a importância de pautar suas aulas, sempre que possível, na beleza da natureza – principal laboratório da ciência e das artes.

Título: SHIKI, INVENTOR DO HAICAI MODERNO
(Edição bilíngue Português / Japonês)

PRÊMIO AÇORIANOS
FINALISTA PRÊMIO AGES

Autores: Andrei Cunha e Roberto Schmitt-Prym

ISBN: 978-65-88865-12-5

Formato: 14 x 21
Páginas: 96
Gênero: Poesia, Ensaio, haicais
Publicação: Class, 2021

No Brasil, o haicai é, ao mesmo tempo, um elemento da nossa modernidade e venerado como a mais tradicional expressão da poética japonesa. Se hoje se escreve haicai nas mais diversas línguas, se o gênero sobrevive com força em inúmeras culturas, isso se deve em grande parte ao esforço de um poeta japonês: Masaoka Shiki (1867–1902). O presente livro busca apresentar ao leitor brasileiro esse poeta e crítico de haicai, responsável pela reinvenção da forma poética para o século XX — período no qual o haicai deixou de ser uma prática isolada da literatura japonesa e passou a ser um artefato estético presente nas mais diferentes culturas do mundo. Ao rejeitar os fazeres tradicionais das escolas de haicai de sua época, Shiki transformou o pequeno poema de três versos de 5-7-5 sílabas em uma espécie de sketch pictórico da vida real, ou ainda em um registro (pretensamente “sem ornamentos”) do instante, à maneira da fotografia. Devido a seu caráter (aparentemente) simplista, tanto a fotografia como o haiku de Shiki parecem convidar o desprezo do crítico desavisado que atribui uma falta de elaboração, uma ausência de artifício, ao fazer do haicaísta ou ao clique do fotógrafo. Ora, a argumentação em favor do haicai observado do cotidiano é praticamente a mesma que se apresenta em defesa da fotografia: a arte está no efeito de destaque que o retrato confere à coisa retratada. O ato de selecionar algo para o tópico do poema (ou para o objeto da lente) torna a coisa mais nua, mais expressiva, mais abstrata do que se observada em seu contexto; e essa descontextualização, esse gesto tão moderno de retirada do objeto do lugar onde se encontrava, para expô-lo enquadrado em uma moldura, ou feito linguagem no parco limite de uma métrica curta, confere novos significados, surpresas e associações às mais humildes realidades.

Título: DIVERSO EM VERSO
Autor: 
Henrique Sommer

ISBN 978-65-88865-62-0

Dimensões: 14 x 21 cm
Páginas: 88
Gênero: Poesia
Publicação: Class, 2021

Enquanto a pandemia acontecia fora do apartamento, outra crescia dentro de mim. Poética, tão incontrolável quanto. Transmitida por amores e incômodos, incubada nas pausas e silêncios. Por vezes tão desconfortáveis, outras tão acalentadoras.
Impresso nessas páginas, está a minha tentativa de buscar o real, de fazê-lo em meu corpo e em minhas palavras. De me perder. E assim, ser, por um momento, verdadeiro.
Espero que este recorte, tão pessoal, nos conecte de alguma forma.

Henrique Sommer

Sobre o autor:
Henrique Sommer
, é músico, formado em Música Popular pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e atua como produtor de áudio para filmes. Encontrou nas palavras e na poesia a sua expressão e uma forma de dar sentido ao universo sonoro no qual já estava inserido.

Título: PEQUENA ANTOLOGIA DA POESIA TCHECA
Seleção e tradução: Francisco Valdomiro Lorenz

ISBN: 978-65-88865-71-2 

Formato: 14 x 21
Páginas: 100
Gênero: Poesia Tcheca
Publicação: Class, 2021

Esta “Pequena antologia da poesia tcheca”, com traduções de Francisco Valdomiro Lorenz, pela primeira vez publicada em 1928, pela Officina Graphica EDDA, em São Lourenço, Rio Grande do Sul, é, sem nenhuma controvérsia, “UMA RELÍQUIA LITERÁRIA”, que ressurge de um passado histórico, para se fazer presente no cenário histórico, cultural e literário brasileiro.

Autores:
Adolf Červinka
Adolf Heyduk
Antonín Klášterský
Antonin Koukl
Antonín Sova
Augustin Eugen Mužík
Boleslav Jablonský
Eliška Krásnohorská
Ervin Spindler
František Kvapil
František Ladislav Čelakovský
František Skalík
František Sušil
František Xaver Svoboda
Jan Evangelista Necas
Ján Kollár
Jan Neruda
Jaroslav Vrchlický
Josef Svatopluk Machar
Josef Václav Sládek
Josef Barák
Julius Zeye
Karel Adámek
Karel Dostál-Lutinov
Karel Havlíček Borovský
Karel Jaromir Erbem
Karel Kučera
Karel Leger
Karel Václav Rais
Marie Časká
Marie Votrubová-Haunerová
Miloš Červinka
Otokar Březina
Otokar Mokrý
Rudolf Pokorný
Růžena Jesenská
Stanislav Kostka Neumann
Svatopluk Čech
Viktor Dyk
Vítězslav Hálek
Vladimír Šťastný
Vojtěch Pakosta

Título: BORBOLETAS NÃO FAZEM NINHO
Autor: Evandro Lopes

ISBN: 978-65-88865-73-6 

Formato: 12 x 18
Páginas: 62
Gênero: Poesia
Publicação: Class, 2021

Edição colecionável
A presente edição de poemas, até agora inéditos, selecionados pelo próprio autor, é limitada a 150 exemplares, assinados e numerados.

Eu caminhava pelo Parcão em uma manhã avivada por flores e por um sol radiante. Andava pensativo. De repente, algo me chamou a atenção: uma Borboleta revoando perto do meu rosto. A princípio algo que não despertaria curiosidade em um transeunte distraído, ou que estivesse mergulhado em pensamentos práticos. Porém, tenho jeito à abstração como as águias para as alturas.
Possuo especial carinho pelas borboletas, acho-as donas de incrível delicadeza; vejo nelas certa dignidade. São frágeis e mesmo assim parecem dotadas de espírito aquilino, são destemidas. Uma lenda oriental diz que representam os cinco níveis de existência, do nascer vazio de conhecimento ao último nível, dito Nirvana, quando se chega à sabedoria minimalista dos seres que se descobrem ínfimos diante da vida. Passei a tê-las como um símbolo de transformação e ainda me seduz observá-las.
Naquele dia, a “casual borboleta”, revoando alegremente, divertia-se com a minha sombra meditativa e também parecia decidida em me bajular, dando voos rasantes ao meu redor e se afastando como se fugisse para logo voltar. Um sentimento bom se apoderou de mim e por um momento pensei ser Deus me enviando uma espécie de “sinal” – somente Ele sabia no que eu refletia naquele momento. Gostei da inesperada e simpática companhia e comecei a girar para mantê-la à vista. O tempo foi passando, não muito; cinco minutos sagrados que me fizeram pressentir a presença de algo que ia além da razão. Asceticismo ou não, é bom às vezes pensarmos ser visitados pela energia do bem, do amor, do perdão; acreditar é palavra-ação, e deixar que o coração faça o resto é o que transforma. Ela seguiu a me fazer a corte com suas acrobacias enfeitiçadas, naquele bater de asas cuja premência parecia querer me dizer para acompanhá-la a algum lugar, deu inúmeros círculos em volta de mim, seguindo meus passos até quase o final do Parque pelo lado norte e, em seguida, “sem me dizer nada”, se foi. Esqueci-me de que as borboletas não se expressam na nossa linguagem, têm a própria que ainda não aprendemos, mas creio que seja uma linguagem que se acerque à da poesia. Nela há harmonia, musicalidade, métrica e, o melhor de tudo, leveza, uma existência honesta.
Àquela borboleta eu dedico estes mal-acabados poemas que, em tuas mãos, é como se o casulo começasse a ficar translúcido.

E.l.

Sobre o autor:
Livros publicados de Evandro Lopes:

POESIA —
DOZE POEMAS PARA TE CONQUISTAR, 2006;
GARATUJAS DE AMOR e suas complexidades, 2016;
GERMINAL, Poemas por amor à vida,2017;
JANELAS MÍNIMAS, Haicais, 2020.

CONTOS —
PASSAGENS, 2010;
SOL NA TARDE GRIS, Meditações de Outono, 2018;
NA ÍRIS DO SILÊNCIO, 2019;
NOZES
QUEBRADAS, 2019;
O OLHAR DE VÊNUS, histórias eróticas, 2020.

Participou da coletânea de minicontos
Outras sem / Cem palavras, em 2018.

Todos pela Editora Bestiário.

Título: UM LIVRO SEM TÍTULO
PORQUE DAR UM TÍTULO SERIA PRETENSÃO DEMAIS

Autor: Matheus Camini

ISBN: 978-65-88865-55-2

Formato: 14 x 21
Páginas: 108
Gênero: Poesia
Publicação: Bestiário / Class, 2021

A “poesia-provocação” de Matheus Camini se propõe desprovida de pretensão, mas é carregada de intenção, a primeira delas a de ser dedicada às mulheres da sua vida. Assim, já de início o poeta indica a presença constante do feminino no seu discurso de buscas e encontros: afinal, “o princípio do mundo foi uma mãe”.
E, partindo desse princípio feminino, Matheus apresenta uma verdadeira biografia poética através da pungente alquimia de memórias de delicadezas e coragens, da observação do mundo em seus detalhes, da reflexão inventiva do cotidiano e da desboberta de pequenas sabedorias à espera de serem arrancadas do estado de segredo. A tudo isso ele acrescenta o desejo de contar o que vê e sente na forma de versos comprometidos em libertar a voz lírica de toda amarra e assim investigar além das fronteiras, com plena coragem para abismos.
O poeta-”menino que escreve” sabe que nós também “queimamos” e, com seu olho de profundezas e desvelamentos, nos “acorda as curiosidades”. Em busca de liberdade e autodescoberta, com “verbo hemorrágico em punho”, ele inventa uma sintaxe, toda uma gramática de dizer sua natureza, seu corpo, seus modos de estar no mundo. Assim, ele passa do sonho à revolta, do brincar ao lamento e até inventa conselhos: “quando for no mar dance/ (…) quando for no mar/ receba toda entidade/ seja Poseidon e antes/ que o mar escorra/ seja de verdade.”
O “menino de açúcar y sangue” constrói poeticamente uma biografia que ao mesmo tempo afirma e questiona os nomes, as identidades, e refaz a própria origem quando precisa para ser o que quer. O relato biográfico é reinventado pelo fazer poético, perpassando fases da vida do eu lírico e momentos culturais distintos do país em que a questão identitária ganha contornos bastante diferentes como ele constata na observação do irmão, por exemplo.
Com e através da poesia, ele cria quem é. Vai passando “a boca pelo não dito” para se procurar na “própria fuligem” e de lá tirar o menino-sol que é, sabedor do sonho para além do nome. E para além da experiência biográfica, sua poesia é de uma investigação do ser. Com seu olhar luminoso de menino-sol, Matheus nos põe na roda para dançar com o mar.

Isadora Dutra

Sobre o autor:
Matheus Camini nasceu em Porto Alegre, no Rio Grande do sul, e é estudante de Letras – Literatura Brasileira pela UFRGS, onde pesquisa Teoria da Literatura em poetas consagrados de língua portuguesa. Também é pesquisador no ramo da educação onde costuma publicar ensaios sobre a importância da aprendizagem literária e do saber ler poesia. É formado em Artes Cênicas pela Escola de Teatro Popular da Terreira da Tribo. Desde muito cedo compõe poemas, dividindo seu coração entre o Teatro e as artes poéticas.

Título: CONTRATO DO ESQUECIMENTO
Autor: Pedro Dziedzinski

ISBN 978-65-88865-63-7

Dimensões: 14 x 21 cm
Páginas: 112
Gênero: Poesia
Publicação: Class, 2021

Dono de uma das dicções mais doídas da poesia brasileira, Pedro Dziedzinski rabisca versos em um contrato em branco, partindo de uma aura por vezes enfant terrible, por vezes crua. O poeta flerta com o fim como se brincasse com as palavras, como se tudo fosse um jogo de memória marcado por linguagem e dor, percepção e negação. Melhor ainda quando, nos poemas, quem fala é Dionísio, alter ego recorrente de Pedro, que encara o mundo com o olhar derrotado, mas brincalhão. Entre a lembrança e o esquecimento é onde vivem as vozes desse grande livro, um marco para a nossa literatura, sobretudo para a literatura.


Davi Koteck

Sobre o autor:
Pedro Dziedzinski é natural de Barra do Ribeiro, Rio Grande do Sul. Publicou em 2017 o livro Frêmito-genitália pela editora Le Chien e Pealo, em 2019, pelo selo Ornitorrinco Edições. Atualmente reside em Porto Alegre. Contrato do Esquecimento (ou Te amo, e é como se treinasse para Faquir) é um apanhado de quatro anos.

Título: ROTEIRO PARA VIRAR ADULTO
Autor: Fischel Báril

ISBN: 978-65-88865-39-2 

Formato: 14 x 21
Páginas: 60
Gênero: Poesia
Publicação: Class, 2021

ANTEPASSAR

Quem nos antepassou
se não aqueles que cruzaram
mares e dores
línguas deixadas pra trás?

Quem ao medo se lançou
como quem se atira ao abismo
do desconhecido?

Quem se plantou
em terra estrangeira
sem saber das estações
dos pontos cardeais?

Quem nos primeiros passos
desafiou incertezas?

Quem
se não aqueles que em nós se perpetuam
e nos fazem
veículos do que sonharam?.

FISCHEL BÁRIL
Arquiteto, escritor e cozinheiro.
Vencedor em 1964 do I Concurso de Contos em Estabelecimentos de Ensino de Porto Alegre, promovido pela Secretaria de Educação e Cultura de Porto Alegre.
Participou em 1977 do livro Qorpo Insano, Uma antologia provisória, com outros autores.
Vencedor em 1981 de Concurso promovido pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre para livros de contos, cujo prêmio foi a
publicação do livro Vida Provisória.
Publicou em 1985 pela Editora Movimento o livro de contos A Cabeça no Lugar, e em 1994 pela Editora Tchê! O livro de poesias Vida & Verso.

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