Livros

Título: OS CAMINHOS DE SANTA TERESA
Autor: Vitor Biasoli

ISBN: 978-65-85039-70-3 

Formato: 14 x 21
Páginas: 172
Gênero: Romance
Publicação: Bestiário / RedeSina, 2023

Um romance a respeito da imigração italiana no Brasil Emílio (o personagem central) é um filho de imigrantes italianos, nascido em Pelotas / RS, em 1922. Em 1967, aos 45 anos de idade, se vê obrigado a buscar o irmão Antônio (41 anos, ex-sargento do Exército) que se envolveu na Guerrilha do Caparaó e está adoentado na cidade paulista de Sorocaba, na casa de uma tia (Julieta, 72 anos). A viagem de Emílio a São Paulo se dá após a prisão da maioria dos guerrilheiros, a qual ocorreu em abril de 1967.

Sobre o autor:
VITOR BIASOLI nasceu em Pelotas (1955) e vive em Santa Maria desde 1991. Formou-se em História (UFRGS, 1977), fez mestrado em Letras (PUCRS, 1993) e doutorado em História Social (USP, 2005). Lecionou em escolas do Ensino Fundamental e Médio (1978-1991) até ingressar na Universidade Federal de Santa Maria. Atualmente está aposentado. Publicou livros acadêmicos e literários, entre eles: Jorge encontra Lilian (novela juvenil, 1998), Calibre 22 (poemas, 1999), Uísque sem gelo (contos, 2007), Santa Maria: ontem & hoje (crônicas, 2010), O fundo escuro da hora (contos, 2018), Paisagem marinha (poemas, 2021) e Itália, trilhos e café: histórias da família Biasoli (crônicas, 2022).

R$ 48,00

Título: VIADUTO
Autora: Isadora Dutra

Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 78
Gênero: Romance brasileiro
Publicação: Bestiário, 2023

ISBN 978-65-85039-75-8

Estas histórias não se passam numa cidade que poderia ser qualquer cidade do mundo. São histórias que acontecem em Porto Alegre. Eu só não sei dizer bem em qual Porto Alegre. Mas são histórias de um lugar delimitado no espaço, mas nem tanto no tempo. Porque o tempo anda estranho e o mundo anda em descompasso. E eu ando nesse tempo avariado e não sei dizer bem se tudo é real.

Sobre a autora:
Isadora Dutra é formada em jornalismo e professora doutora em Teoria da Literatura. Atuou como professora de literatura e jornalismo em Curitiba durante seis anos e, depois, foi professora substituta na UFRGS. Faz parte da equipe do Instituto Maria Dinorah (IMADIN) e é mãe de um menino. Nasceu no Rio de Janeiro e sempre viveu no Rio Grande do Sul. Hoje mora em Porto Alegre.

Título: DIÁRIO DA CASTRAÇÃO
Autor: T.S. Marcon

ISBN: 978-65-85039-48-2

Formato: 14 x 21
Páginas: 238
Gênero: Romance
Publicação: Bestiário/GOG, 2023

Estamos diante de um autor que domina perfeitamente os códigos da ficção e que deles se serve para nos fazer pensar sobre a nossa própria condição. Em uma palavra: literatura.
Mas se quisermos outra, aqui está: investigação é também uma palavra adequada. Por trás do discurso bem-humorado e autoirônico do narrador de “Diário da Castração”, está uma profunda investigação sobre o desejo, as forças que o impulsionam e que o reprimem. Uma investigação que, pela arte narrativa de T. S. Marcon, vai ainda mais além e nos leva de cheio a um dos temas mais caros à literatura: o amor. Afinal, é sempre disto que falamos quando
falamos de todo o resto.

Amilcar Bettega


Sobre o autor:
T.S. Marcon, Tiago Sozo Marcon, nasceu em 1975. É escritor, fotógrafo e arquiteto, formado pela UFRGS. Em 2015 fez parte da turma de 30 anos da oficina de escrita do professor Assis Brasil e publicou Deus veste legging, livro de crônicas. Desde então tem participado de diversas antologias de contos. Como fotógrafo, já recebeu menções honrosas em Bienais. “Diário da castração” é seu primeiro romance.

R$ 45,00

Título: ETERNA
Autora: Flávia Ferreira

Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 132
Gênero: Romance
Publicação: Bestiário, 2023

ISBN 978-65-85039-35-2

Eterna é uma história que se inicia em Marselha em 1473, com a condenação de uma jovem flagrada nadando, durante a idade Média. A jovem é salva das chamas da fogueira da Santa Inquisição, pelo sedutor vampiro Ulysses e torna-se a vampira Audrey Chapelle. Audrey atravessa os séculos, vivenciando as mudanças que a sociedade sofre durante o tempo. Ao perder seu grande amor, durante a queda da Bastilha, em Paris, cai em um século de escuridão, justamente quando o mundo se acende com o Iluminismo. Porém, após sua sede de vingança, ela reencontra seu amor que nasce em Raoul. Com medo de condená-lo ao pesado fardo da eternidade, foge para as ruínas do Vale Sagrado Inca, no Perú, onde conhece um grupo de vampiros evoluídos de três famílias: Sanches, Quispe e Flores, que se tornam grandes amigos de Audrey. Contudo, descobre-se grávida de Raoul e resolve voltar para Marselha. Porém, é sequestrada pelo terrível Vlad, um vampiro extremamente cruel. Ao ser resgatada traz para o mundo sua filha Nicole, que cresce lentamente, rodeada de amor e carinho dos pais, que a levam para uma emocionante viagem por diversos países. Audrey Chapelle liberta-se de toda forma de opressão que cruza o seu caminho e vive histórias de amor, sedução, paixão, ódio, vingança e amizades, enquanto a sociedade se transforma ao longo do tempo.

Sobre a autora:
Flávia Ferreira é bióloga, mestre em ecologia, pedagoga e escritora. Autora de “Três histórias das florestas brasileiras”; “As aventuras de Tatá no misterioso vale encantado das fadas” e “O incrível portal do tempo”. Tem poesia selecionada pela coletânea “Raízes” do mulherio das letras E.U.A, participou do festival do Brasil em Viena e possui diversos contos publicados em antologias, revistas e jornais.

R$ 42,00

Título: VERBETES
Autora: Helenice Trindade

Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 74
Gênero: Romance
Publicação: Bestiário, 2022

ISBN 978-65-85039-28-4

E a carne se faz verbo, os textos de Helenice são expressões de uma vida que existe no mundo das ideias e dos homens. Cada sentimento ali descrito de alguma forma, em algum momento foi vivenciado por alguma mulher. Eis uma das mais interessantes características desse livro: Helenice escreve sobre o coração feminino, um sentir específico, pulsante, por vezes erótico, sentimental, fragmentado e vivo. É o corpo feminino que se move, dança, abraça, abre-se para o outro. Nessa organização de mundo as palavras reconstroem os seus significados: amor, traição, separação… É uma gravidez de palavras, um ventre que se abre para a linguagem e gera uma nova forma de sentir, descrever e compartilhar.


Do texto de Gabriela Silva.

Sobre a autora:
HELENICE TRINDADE, escritora gaúcha, é cronista e tem diversos
contos publicados em antologias. Em 2017, ganhou Menção Honrosa no Concurso de Contos SENALBA/RS de Literatura. O seu primeiro livro individual, Dias múltiplos, nada comuns (2018- Bestiário/Class), foi objeto de pesquisa de dissertação de mestrado na UFSM / Frederico Westphalen. Verbetes é sua primeira narrativa longa.

Título:SACADAS, PRA QUÊ? 
Autor: Fernando Favaretto

Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 270
Gênero: Romance
Publicação: Bestiário, 2023

ISBN 978-65-85039-36-9

A história de Sacadas, pra quê? começa quando Denson descobre, por acaso, que um rapaz que conhecera pela internet e com quem transara, uma semana atrás, está desaparecido, e passa a se interessar pelo caso. Envolvido com um taxista casado, Denson se aproxima do melhor amigo do rapaz desaparecido, e enquanto se vê envolvido em novos problemas, vai sendo confrontado com problemas antigos que precisam ser resolvidos. Os principais fatos da história acontecem depois do resultado das eleições de 2018, e enquanto bebem pelos bares de Porto Alegre e demonstram todo seu pessimismo e descrença com o futuro, Denson e seus amigos também repensam suas formas de amar, de desejar e de construir relações.

Sobre o autor:
Fernando Favaretto, natural de Sério (RS), é jornalista, professor e escritor. Formado em Letras e Jornalismo, possui Mestrado e Doutorado em Educação. Trabalhou como professor da Rede Pública Estadual, atuou em cursos de Especialização a Distância e atualmente ocupa o cargo de diretor da UFRGS TV. Além de ter participado de algumas coletâneas de poemas, publicou três romances: Sobre dores, amores e uma panela velha (2013), Ninguém em explicou na escola (2014) e Entre a meia-noite e o fim do inverno (2015).

Título: DESVARIOS ENTRE QUATRO PAREDES
Autor: Cassionei Niches Petry

ISBN: 978-65-85039-46-8

Formato: 14 x 21 cm
Páginas: 170
Gênero: Romance
Publicação: Bestiário, 2023

Tudo pode acontecer entre quatro paredes? O que faz uma mulher subir pelas paredes? As paredes têm ouvidos? Que mistérios há atrás das paredes de uma casa abandonada? Falar com as paredes é sinal de desvario? Como nos sentimos quando somos colocados contra a parede? Que tal rompermos com a quarta parede, caro leitor? Cassionei Niches Petry, como seu novo romance, nos instiga a espiar pela fresta na parede da casa de um ghost writer que, durante os primeiros dias da pandemia de Covid-19, sofre por estar sozinho, separado da ex-esposa ninfomaníaca, enquanto escreve um diário desvairado e esboça uma ficção, intitulada A Bíblia Sangrada, baseada na história de sua própria família. Depois de construir paredes em torno de si, o narrador-protagonista tenta rompê-las, mas acaba criando novas que podem soterrá-lo. Petry, entre as quatro paredes de sua toca, como chama a biblioteca onde lê e escreve, constrói mais uma parede sólida no seu edifício literário.

Júlio Nogueira


Sobre o autor:
Cassionei Niches Petry é professor e escritor, autor dos livros de contos “Arranhões e outras feridas” (2012), “Cacos e outros pedaços” (2017) e dos romances “Os óculos de Paula” (2014) e “Relatos póstumos de um suicida” (2020 ). Mantém o blog ” Um a biblioteca na cabeça”

Título: PRA MINHA MÃE, PRO MEU PAI, PRA VOCÊ
Autor: Renato Gontijo

ISBN: 978-65-85039-59-8

Formato: 14 x 21
Páginas: 82
Gênero: Romance
Publicação: Bestiário, 2023

Frederico é um menino de seis anos que mora na roça com os avós e que ao seu mudar para a cidade tem de lidar com a descoberta do amor e da amizade, o bullying e a ausência paterna, mas nada aparentemente tão importante quanto conhecer a apresentadora infantil mais famosa do Brasil em 1989.

Sobre o autor:

Renato Gontijo nasceu em 1983 em Bom Despacho, Minas Gerais. Historiador, filósofo e educador de formação, sempre escreveu literatura, mas nunca teve coragem de mostrar. Anos de vida adulta, terapia e casamento estimularam a publicação deste que é o seu primeiro romance.

Título: OS CORREDORES QUE ME LEVARAM ATÉ VOCÊ
Aurora: Raquel Soares

Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 218
Gênero: Romance
Publicação: Bestiário, 2022

ISBN 978-65-997975-0-7

Leia um trecho:

Cheguei à escola em cima da hora para aula da sora Vanessa, o que, na minha vida, não era nenhuma novidade.
Eu corria sem tirar os olhos dos ponteiros do relógio de pulso, contava cada segundo. Os sapatos de sola de borracha rangiam contra o piso fazendo aquele som chato e agudo, os óculos volta e meia escorregavam para a ponta do meu nariz por causa do suor e meus cachos cor de rosa entravam na minha boca e nos meus olhos, dificultando minha visão. Faltava tão pouco, por sorte chegaria a tempo.
E então aconteceu um encontro inesperado.
Minha cara foi com força de encontro a uma blusa de algodão que cobria um tórax ossudo e nem um pouco macio. Meu pobre caderno foi parar longe, meus joelhos bateram no chão e as alças da minha mochila saíram do lugar. Tudo ficou girando por um tempo até eu finalmente recobrar os sentidos por completo. Me levantei jogando xingamentos. Não tinha visto seu rosto, nem me importei em saber quem era. Naquele momento, só queria explodir, pois, convenhamos, àquela hora da manhã, cheia de sono no corpo e correndo contra o tempo, não tinha como eu estar de bom humor.
— Meu Deus! Por que você não olha por onde anda?
— D-desculpa. Eu não te vi. Você tá bem? — ele estava nervoso, esfregava a mão no peito, onde minha cabeça tinha batido.
— Não, não estou — rebati impaciente.
— Deixa ver os seus joelhos — ele se apoiou em uma das pernas e pareceu aproximar a mão dos meus machucados.
— Não encosta — me afastei, me encolhendo de dor por causa do machucado.

Sobre a autora:
Raquel Soares veio ao mundo carregando em si um oceano de histórias para contar. Conhecida nas redes sociais por sua página e canal “Palavras Salgadas”, traz textos e doces resoluções capazes de tocar jovens e adultos, além de artes de uma delicadeza inestimável. Raquel é graduada em Escrita Criativa pela PUCRS, e possui diversas publicações com contos e poemas em antologias. Sua primeira novela, “Os corredores que me levaram até você”, com certeza é um mergulho inesquecível nesse mar de palavras.

Título: MULHERES ESQUECIDAS
Aurora: Rosane Pereira

Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 194
Gênero: Romance
Publicação: Bestiário, 2022

ISBN 978-65-84571-61-7

Melina, Júlia, Tereza e Luana são as mulheres esquecidas dessa narrativa. Mas Ângela, Alice e Maria Clara também foram esquecidas. Assim como Lilian, Mariana e Margarida… Na São Paulo do século XXI, milhares de moradoras de rua são esquecidas em um canto qualquer. Vamos acompanhar de perto a amizade que surge em meio ao caos de uma vida incerta e inesperada para quem vive da caridade alheia. Rosane Pereira põe uma lente de aumento sobre essas existências: “Desde que passei a viver na rua, entendi que de nada serve ter uma história para lembrar ou para contar. A gente tem que viver cada dia, um por um”, lamenta Júlia. Porém, a autora vai nos contar as histórias de vida dessas mulheres, algumas sem identidade, mas todas com uma vivência em comum: os anos em que viveram juntas em um casarão abandonado. O machismo, o racismo e o classismo atravessaram seus corpos com todos os tipos de violência. De abandono em abandono, não se fixam em nada nem em ninguém, sempre vagando pelo mundo: “…a rua é tudo que é lugar e não é lugar nenhum”, afirma Luana. É na convivência diária que vão construir entre elas a sororidade e a dororidade que as reúne. A Literatura é fundamental para que se preserve a memória, e Rosane Pereira, com suas palavras, faz com que nós nunca mais nos esqueçamos dessas mulheres.

Ana Dos Santos
Escritora, professora e Mestra em Literatura Brasileira.

Sobre a autora:
Rosane Pereira nasceu em Porto Alegre, é psicanalista, publicou seu primeiro romance, “Estranhos, Noturnos… e amantes – Retrouvailles online”, pelas Editoras Associadas, (Porto Alegre) em 2009. Em 2013, publicou sua coletânea de contos “A invenção do Sentimento” pela Editora Ideias a Granel (Porto Alegre) e em 2018 publicou seu segundo romance ” A dor dos lobos” pela Editora Patuá (São Paulo).

Título: MAS MEU VESTIDO NÃO FICOU AMASSADO
Aurora: Corinne Hoex

Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 100
Gênero: Romance belga
Publicação: Bestiário, 2022
Tradução: Gabriela Porto Alegre, Kelley Baptista Duarte

ISBN 978-85-98802-06-0

Prêmio Emma Martin
2008 Prêmio Indicações para Jovens Críticos
Prêmio Estudante do Ensino Médio 2009
Prêmio Gauchez-Philippot 2010
Finalista do Prix Rossel, do Prix Rossel des Jeunes, do Prix Marcel Thiry, do Prix ​​du Parlement e do Prêmio Cinco Continentes de La Francophonie

Como nos tornamos íntimas de nossas tragédias? Em Mas meu vestido não ficou amassado, a personagem principal conta, sentada diante do mar, a história de sua vida a partir daqueles que a ocuparam: pai, mãe e namorado. Nesse romance, a violência é uma onda colossal, impiedosamente cavando a fenda que separa os afetos, como na relação mãe e filha. Corinne Hoex, que já havia tratado do tema da família em seu romance de estreia, Le Grand Menu (2001), evoca, aqui, a posição da mulher em um contexto no qual as aparências determinam seu valor e a violência contra ela é a razão de ser do amor. A obra, ao retratar os cenários de uma pessoa que, de criança, se torna mocinha e, de mocinha, se torna mulher, oferece o silêncio intragável de uma existência vigiada a cada gesto, reprovada a cada olhar e violada a cada vislumbre de libertação. Autora de vinte e um livros de poemas, Corinne arquiteta, por entre as frestas do vestido sufocante de sua protagonista, uma efluência poética que devolve a essa mulher destruída todas as palavras suspensas nas cristas de seu maremoto estiado.

Sobre a autora:
CORINNE HOEX vive em Bruxelas, na Bélgica. Tem formação em História da Arte (Universidade Livre de Bruxelas) e trabalhou, por alguns anos, como professora, arquivista e pesquisadora, antes de se dedicar integralmente à escrita de ficção. Sua obra contabiliza aproximadamente vinte coletâneas de poesia e dez romances, traduzidos em diferentes idiomas: inglês, neerlandês, alemão, búlgaro, ucraniano e, atualmente, o português do Brasil. Desde 2017 compõe a Academia Real de Língua e de Literatura da Bélgica, sucedendo a escritora Françoise Mallet-Joris.
Site oficial: corinnehoex.com

Título: ALLEGRO PASTELL
Autor: Leif Randt
Tradução: Raquel Ribas Meneguzzo e Michael Korfmann

INDICADO AO PRÊMIO LEIPZIGER BUCHMESSE;
INDICADO AO DEUTSCHE BUCHPREIS;
PRÊMIO MÖRIKE 2021

ISBN : 978-65-88865-23-1
Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 230
Gênero: Romance alemão
Publicação: Class, 2021

Allegro Pastell, publicado na Alemanha em março de 2020, foi indicado ao Prêmio da Leipziger Buchmesse bem como ao Deutsche Buchpreis; recebeu o prêmio Mörike 2021, além de inúmeras críticas favoráveis.

“Quinta-feira Santa, 29 de março de 2018. A Estação Central de Frankfurt via-se inundada por um suave sol poente, os passageiros esperando na plataforma 9 lançavam longas sombras. Tanja Arnheim chegou de Berlim com o ICE 375 pontualmente às 18h30”. O romance Allegro Pastell, de Leif Randt, trata da relação a distância de Jerome Daimler, 36 anos, que mora na casa dos pais em Maintal, e Tanja Arnheim, 29, célebre autora do livro PanoptikumNeu – um relacionamento perfeitamente sincronizado, não apenas pela Deutsche Bahn. A relação funciona em um fluxo finamente equilibrado, alimentado também pela distância entre os dois. Eles são hipersensíveis em relação aos sentimentos um do outro e projetam seus dias juntos, assim como a comunicação online. O web designer Jerome planeja criar uma homepage para Tanja para seu trigésimo aniversário.

A linguagem do romance de Leif Randt ‒ que, especialmente com cenários futuros, encantou leitores e críticos em seus romances anteriores Schimmernder Dunst über CobyCounty (2011) e Planet Magnon (2015) ‒ é muito equilibrada e relaxada, embora formalmente tão magnificamente construída quanto a vida dos protagonistas, que corre sem grandes altos e baixos.

Tanja e Jerome mantêm um bom relacionamento com o mundo empresarial, especialmente Tanja, que joga badminton e adora os produtos da loja Decathlon da Berlin Alexanderplatz. Jerome elogia as tarifas justas da locadora de carros da marca Tesla, onde ele recebe um desconto de fidelidade. Essas duas pessoas afortunadas, atraentes, requisitadas e bem-sucedidas estão altamente conscientes de seus privilégios também no que diz respeito ao seu ambiente. Tanja tem uma irmã depressiva, Sarah, que é mais jovem e também mora em Berlim, e sua melhor amiga, Amelie, constantemente se estressa com seu “crush” Janis.

A vida de Tanja e Jerome é extremamente bem pensada e estruturada: desde os efeitos calculados do uso de drogas nas festas de Berlim, as listas de Spotify e as roupas coordenadas até o ritual do chá, no qual mesmo o silêncio compartilhado é investido de grande significado. Ambos têm experiência de vida suficiente para rever fases passadas e classificá-las. Os destaques incluem o saborear momentos presentes, como Tanja no êxtase de felicidade provocado pelo MDMA na pista de dança do clube berlinense Griessmühle: “Era fantástico ter um celular, era fantástico conhecer pessoas que você amava. Nesse momento, Tanja trazia a camisa amarrada na cintura e dançava usando um sutiã esportivo”. Contudo, também se torna visível a pressão, conectada à constante distinção e à consideração do olhar dos outros.

A visão sociológica de Leif Randt sobre a boemia digital nas cidades alemãs (e européias?) é precisa e sempre transferida de forma conscisa para sua escrita, embora o uso excessivo de termos como girlfriend, crush ou double-date às vezes pareça um tanto artificial. Quem viveu por algum tempo em Berlim na década de 2010 conhece o milieu internacional e exigente que se mantém aberto a tudo e em busca de experiências únicas. Ao mesmo tempo, porém, é evidente que se trata apenas de uma parte da sociedade, pois os protagonistas são saudáveis, relativamente jovens, bem-sucedidos, têm dentes bonitos e, com exceção de conflitos tratáveis, não têm realmente do que reclamar. E Leif Randt leva-os a sério, mesmo que às vezes sejam nerds bastante estranhos.

O equilíbrio entre Tanja e Jerome se mostra tão sutil quanto vulnerável. Enquanto uma disputa sobre a avaliação do filme Call Me by Your Name ainda está para ser resolvida, em função da natureza de Jerome, que prefere evitar conflitos, Tanja se distancia dele, após sua festa de aniversário, de forma repentina e inesperada até mesmo para ela. Ela descobre que o seu “boyfriend”, Jerome, enerva-a. Os dois decidem dar um tempo. Tanja inicia um relacionamento com Janis, escreve seu novo romance e joga badminton. Jerome medita, concentra-se em si mesmo e no presente, tem sucesso em seu trabalho e se diverte. Além disso, ele reencontra sua antiga paixão, Marlene. Ambos, mesmo mantendo o controle de suas vidas, ainda sentem falta um do outro. O romance termina no verão de 2019.

O critico Iljoma Mangold chama o romance na sua resenha no jornal semanal Die Zeit (O agora absoluto, 11/2020[2]) o “registro perfeito do presente” e conclui seu apelo de forma bastante eufórica: “um novo movimento juvenil poderia emergir desse livro […] Allegro Pastell é definitivamente um dos livros mais importantes da literatura alemã contemporânea desde Faserland, de Christian Kracht. Nenhum milenial será capaz de escrever um romance no futuro sem fazer alusão a Allegro Pastell”.

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