Livros

Título: QUATRO MULHERES
Autora: Neusa Demartini

ISBN : 978-85-94187-70-3
Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 92
Gênero: Romance
Publicação: Class, 2019

O romance Quatro mulheres é dividido em vinte e três capítulos curtos que têm como título os nomes das personagens focadas predominantemente, recurso este que facilita e clareia o entendimento da história em todas suas nuances.
O conflito central se instaura no velório do desembargador Afrânio, com a presença de três mulheres a agirem como viúvas: Marta, a primeira esposa e mãe dos filhos, Yolanda, atual companheira oficial e uma também bela mulher chamada Heike, cujo apelido é Alemoa. A empregada do desem-bargador, Vania, também terá um papel que o leitor reconhecerá imediatamente, mas só se revelará à Yolanda bem adiante.
As amigas descobrem uma quarta mulher com nome de inseto, que será guardada para que o leitor siga a pista e descubra por si.

Vera Ione Molina

Neusa Demartini nasceu em 1946, em Porto Alegre. É jornalista e professora universitária aposentada, com vários livros e artigos científicos publicados no decorrer da carreira acadêmica sobre Comunicação Persuasiva, conceito que trouxe para o Brasil em 1995, quando a tese de doutorado na Universidad Com-plutense de Madrid ganhou o Prêmio Nacional Destaque em Publicidade, no Intercom.
Já publicou literatura de ficção infantil, o que lhe valeu uma indicação para o Premio Açorianos. Tem um jeito meio anárquico de escrever. Não planeja, não traça perfil de personagens, e não respeito ordem cronológica para os fatos. Assim, surgiu a primeira narrativa longa, a novela “Vozes da ancestralidade”.
Escreve como se estivesse atirando cartas viradas em uma mesa. Depois as desvira, embaralha, e vai montando a estrutura narrativa.

Título: ANTES QUE O JATOBÁ FLORESÇA
Autor: Geraldo Roberto da Silva

ISBN 978-85-94187-52-9

Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 178
Gênero: Romance
Publicação: Class / Bestiário, 2019

Sinopse
Foge ao convencional o presente de Antes que o Jatobá floresça. Além das conversas dos mortos com os vivos (sob certa forma análoga a de Incidente em Antares), é constante o colóquio do narrador com o leitor, retomando ou antecipando fatos, a exemplo de: “quebrando protocolos, avisando antes da metade do livro que Moisés irá morrer. Faço isso para que vocês não sintam o efeito dolorido do inesperado”. Com esse recuso de elaborada técnica narrativa, o narrador consegue efeito contrário ao declarado, pois o ledor fica ansioso querendo saber como será o fim de Moisés: heroico, como ele foi em vida, ou trágico, tal quais os fatos com que se defrontou.

Sobre o autor

Geraldo Roberto da Silva
Nasceu em Matozinhos (MG) em 1950.
Graduado e Mestre em Artes Plásticas (UFMG – UFRGS).
Aposentado da FURG/ Rio Grande, onde atuou de 1978 a 2014, como professor de Artes e Cultura Brasileira, nos cursos de Artes Visuais e Letras.
Artista plástico por profissão, retomou a literatura aos poucos, nos intervalos de sua produção como pintor e desenhista. Sua produção literária atual, entremeia um novo romance “Caminho nas Nuvens” em fase de acabamento e um livro de crônicas do cotidiano e viagens chamado “Duas contas”. Trabalha lentamente, desde a posse de Jair Bolsonaro, na presidência da República, um romance-protesto chamado “O diário de Fenelon” (Título provisório).
Publicou até agora dois livros de contos: “Os comedores de vidro” e “Ouvido absoluto”. Os dois pela Editora da Furg.

Título: O FLORESCER DOS IMORTAIS
Autora: Lia T. Medeiros

ISBN: 978-65-990301-8-5

Formato: 14 x 21 cm
Páginas: 66
Gênero: Romance
Publicação: Bestiário / Class, 2020

O florescer dos imortais se passa em um mundo de fantasia, onde os deuses do sol e da lua estão em guerra há mais tempo do que se pode contar. Porém, com o surgimento de um anjo de asas negras, os dois se vêem obrigados a fazer uma trégua.
Eclipse é um ser sem memórias, não se recorda de onde veio, nem do porquê está sendo perseguido, só sabe que as duas vozes em sua cabeça o mandam ir para o Pico do Mundo.
Ele parte em uma jornada, enfrentando diversos perigos e entendendo cada vez mais quem realmente é.

Sobre a autora:

Lia T. Medeiros, ou como é conhecida no Instagram, Lia da Lua, é uma escritora e desenhista gaúcha natural de Porto Alegre. Ela tem criado universos praticamente desde que aprendeu a ler e a escrever. Seus textos e desenhos são sensíveis, intensos e delicados, assim como ela; tocando no fundo da alma qualquer um que decida se aventurar dentro da sua arte. Possui diversos textos publicados em Antologias e a novela O florescer dos imortais, é a sua obra de estreia no meio literário.

Título: O MISTÉRIO DA CASA DOS VELHOS
Autor: Hipólito Machado

ISBN : 978-85-94187-91-8
Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 114
Gênero: Romance
Publicação: Class, 2020

Com o lançamento de O mistério da casa dos velhos, os aficionados do gênero policial têm uma pérola na mão. Já anteriormente premiado com a reedição de Os ladrões de Val de Buia, o leitor poderá agora conhecer uma obra inédita de Hipólito Machado, um gaúcho de Santa Maria, nascido em 1896.
Antes de tudo, é preciso lembrar que Hipólito viveu em uma época em que era algo muito raro um autor brasileiro publicar um livro. Se hoje ainda é difícil fazer uma obra chegar aos seus leitores, imagine-se como eram as dificuldades impostas a um escritor da primeira metade do século XX, em uma localidade do interior gaúcho, quando a literatura consumida no país vinha praticamente toda do estrangeiro.
Contemporâneo de Conan Doyle e leitor de Allan Poe, Hipólito Machado não esconde a influência desses dois ícones do gênero. Impossível não lembrar de Sherlock Holmes quando Ipepo Quieda sai pelos arrabaldes de Santa Maria, comparando torrões de terra para seguir o rastro de um crime; ou de monsieur Dupin, em momentos de recolhimento e reflexão, com seu raciocínio lógicos e conclusões brilhantes que humilham seus colegas de polícia.
O mistério da casa dos velhos é uma leitura agradável, que desperta curiosidade até a última página. Mas deve ser lido dentro de um contexto bem definido. Sua narrativa às vezes caudalosa e o vocabulário estranho, com algumas palavras que hoje ganharam outro significado, como “entrevista” para encontros amorosos, por exemplo, exigem uma leitura com a clareza de que se trata de um texto com estilo e características de seu tempo.
Por isso, por se arriscar em um terreno que até hoje sofre preconceitos, em um período em que era praticamente impossível escrever e publicar no Brasil, Hipólito Machado deve ser visto como um pioneiro. É justo ser reverenciado não apenas pelos aficionados do gênero, mas também por quem pesquisa a gênese da literatura brasileira, com especial atenção para autores que desafiaram a lógica do espaço e do tempo em que viveram.

Tailor Diniz
Escritor e roteirista

Sobre o autor:
José Hipólito Flores Machado nasceu em Santa Maria, em 11 de junho de 1896, filho de José Pereira Machado e Hortência Flores Machado. Trabalhou no Banco da Província desde 1921, passando por Uruguaiana, em 1940, e Porto Alegre, em 1949.
Publicou Flagelos Sociais, em 1926, com o pseudônimo de Ipepo Kieda, que revelou depois ser um criptônimo que significava Hipólito Machado. Em 1931, de férias em Silveira Martins, escreveu O mistério da casa dos velhos, que agora deixa de ser inédito.
Casado com Cândida Aurora Ribeiro Machado, teve os filhos Selene, Alceste, Aglaé, Alcione, José Carlos, Jorá e Luiz Fernando.
Morreu em 17 de janeiro de 1982, em Porto Alegre.

Título: DIAS LENDÁRIOS,
UM ROMANCE GEEK SOBRE SALVAR MEMÓRIAS

Autor: Bernardo Bueno

ISBN: 978-65-990301-0-9

Formato: 14 x 21
Páginas: 204
Gênero: Romance
Publicação: Class, 2020

DIAS LENDÁRIOS é um romance geek sobre salvar memórias.
Max, um jornalista de games, acaba de perder seu pai e tem seu casamento abalado após o fim inesperado de uma gravidez, então reflete sobre sua vida numa narrativa que conversa com a cultura nerd. Passada no sul do Brasil, é também uma história sobre família, sobre tornar-se adulto e uma investigação sobre identidade. A trama segue o protagonista em três contextos: o presente, sua leitura dos diários antigos do pai, e a última viagem com seus amigos antes da formatura do Ensino Médio. Os capítulos principais também se alternam com reviews de games e seções interativas escritas em linguagem de programação. Os dias lendários é inspirado em livros como A fantástica vida breve de Oscar Wao, de Junot Díaz, nos contos de Jorge Luís Borges, em Microserfs, de Douglas Cou-pland, e em Cidades Invisíveis, de Ítalo Calvino.

Sobre o autor:
Bernardo Bueno nasceu em Porto Alegre em 1982. É autor de Minimundo (contos, IEL 2006/ Dublinense, 2014). É PhD em Creative and Critical Writing pela University of East Anglia (Reino Unido) e dá aulas de Escrita Criativa na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Este Dias lendários é seu primeiro romance.

Título: ALEXUS, A PEDRA DE CÉUS E A ESFERA DA LUZ
Autor: Douglas Roehrs

ISBN: 978-65-84571-01-3

Formato: 14 x 21
Páginas: 138
Gênero: Romance
Publicação: Class, 2020

Céus, mago celestial de pele negra feito a mais bela das noites, cabelos castanhos encaracolados e grandes olhos de cor cinza, criou o planeta Phanticéus ao lado do seu companheiro, Clépar. Um mundo mágico com humanos, anões, elfos e magos phanticeusianos, além de outras tantas espécies. Nele vive Alexus, guerreiro que embarcará em uma aventura de tirar o fôlego.

Jornalista formado pela PUCRS e pós-graduado na Unisinos, Douglas Roehrs nasceu em Candelária, interior do Rio Grande do Sul, em 22 de outubro de 1989. Autor do romance Cerco, sua obra de estreia, e diretor do curta-metragem documental Linha Travessão.

Título: ROMANCE DE AMOR E LOUCURA
OU A HISTÓRIA DE ALBERTO R.
Autor: Roger Cardús Juvé

ISBN : 978-85-94187-57-4
Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 242
Gênero: Romance
Publicação: Class, 2019

Este romance traz uma história que nos prende do início ao fim. O personagem central vive uma doença psíquica da qual tem plena consciência, e isso agrava seu sofrimento. Ele tenta desesperadamente ir à busca do amor como forma de realização erótica e sentimental, mas, mais do que isso, como uma maneira de encontrar seu lugar no mundo. É esse mesmo desejo que o faz percorrer um itinerário que começa em Nova York e palmilhar os caminhos dos Andes, à busca das circunstâncias em que um homem tentou violar o expositor que abriga a múmia de Juanita, a menina morta numa celebração sacrificial. O leitor já percebe, por este simples enunciado, que estamos perante uma narrativa forte, de amplo espectro, capaz de nos falar à inteligência e à imaginação. Confesso-me encantado com esta ficção de Roger Cardús, um escritor completo, na plenitude de seus meios expressivos.

Luiz Antonio de Assis Brasil
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SOBRE O AUTOR
Roger Cardús Juvé nasceu em Barcelona em 1975. Formado em Humanidades e mestre em Teoria da Literatura e Escrita Criativa, trabalhou no mundo editorial como editor, tradutor e revisor. Morou em Porto Alegre de 2005 a 2012 e adotou o português como língua de criação literária. Autor de Una barca, un riu, livro publicado na Espanha pela Editora SM, também escreveu contos publicados em revistas e antologias do Brasil e de Portugal.

Título: CADA AMANHECER ME DÁ UM SOCO
Autor: Andrei Ribas

Gênero: Romance

Andrei Ribas é autor dos livros O monstro (All Print, 2007) e Animais loucos, suspeitos ou lascivos (Multifoco, 2013). Possui trabalhos reproduzidos nas revistas eletrônicas Plural, Flaubert, R.Nott, Pessoa, Mallamargens, 7faces, jornal Relevo, entre outras publicações. Escreve resenhas/críticas literárias para os sites Amálgama e Homo Literatus.

As palavras gravadas à faca no cadáver examinado pelo legista logo nas primeiras páginas se assemelham às que eu gostaria de dizer sobre o livro: Venha ver.
Ver o quê?, pode se perguntar.
Primeiro: os personagens. O legista obcecado por corpos (em todos os sentidos) é apenas um dos seres – e não apenas humanos – que parecem estar bem na frente de quem lê. Acreditamos nesses personagens perturbados. Eles nos interessam. Queremos saber mais. De alguma forma, compreendemos seus dilemas e ambiguidades.
Segundo: a trama. A maneira como os fatos da ficção se entrelaçam proporciona algo menos comum do que deveria no mundo literário. A vontade de percorrer as páginas e avançar nos capítulos. E o que acontece surpreende.
Flertando com o gênero policial – mas já o subvertendo –, alternando os pontos de vista, investindo em recursos metaficcionais, Andrei Ribas exibe fôlego narrativo. Cada amanhecer me dá um soco mostra que ele, além de crítico competente, é escritor. E daqueles com talento.
Em resumo: Venha ver.

Luís Roberto Amabile

Título: O UM: Inquérito parcial sobre o caso Ingo Ludder
Autor: Antonio D. Cattani

Dimensões: 16 x 23 cm
Páginas: 160
Gênero: Romance
Ano: 2017

O surgimento de personagens tais como Hitler, Trump ou Ludder depende da existência de indivíduos excepcionais ou de condições previamente encontradas na sociedade? Para alguns, a junção de carisma e competência política explicaria como despontam homens-acontecimento, líderes ou gênios maléficos capazes de arregimentar pessoas ordinárias e incautas. Para outros, a explicação se encontra no caráter moral de parte da sociedade. Para atingir seus objetivos, ela produz de maneira consciente e deliberada o homem-instrumento.
Essa controvérsia teórica se materializa numa situação verídica: a trama da ascensão e queda d’O UM reconstruída pelo Delegado A. A. Passos Linder. Além de lidar com caso tão complexo, Linder é confrontado a um desafio: como redigir o inquérito de forma isenta sem interferir na realidade?

oOo

O Um, de Antonio D. Cattani,
retrata um país terrível (e familiar)

Rogério Christofoletti

em: https://literaturapolicial.com/2018/01/03/o-um-de-antonio-d-cattani-retrata-um-pais-terrivel-e-familiar/

A afirmação está desgastada, mas ainda encontramos sentido nela: numa terra arrasada, qualquer tipo de planta pode crescer. Principalmente as oportunistas ervas daninhas. É num cenário como este que Antonio D. Cattani insere seu mais recente livro, O Um – inquérito parcial sobre o caso Ingo Ludder (Bestiário, 2017), novela criminal que dialoga muito com o contexto atual.

Na história, um líder carismático aproveita a descrença política, o ceticismo nos partidos e a frouxidão moral de parte da sociedade para se projetar como salvador da pátria. Ingo Ludder é magnético e arrebatador, e está cercado de estetas deslumbrados, financiadores espúrios e consultores abjetos. Alicerçado por um conjunto de vídeos enaltecedores, Ludder destila ódio, xenofobia, racismo e discriminação social, despontando como o avesso da política que está aí, estratégia que o catapulta para ser favorito a uma vaga no Senado Federal. Tudo corre bem para o homem que é apontado como O Um da organização Ordem e Verticalidade, mas, de repente, às vésperas da eleição, Ludder desaparece.

Em O Um, Antonio D. Cattani instiga o leitor a percorrer um conjunto esparso de depoimentos da investigação sobre esse sumiço para que reconstitua a narrativa original. Por isso, desfilam pelas páginas as versões parciais de personagens colaterais que testemunharam a ascensão daquela figura hipnotizante. Ganham fala a continuísta desimportante da produtora de vídeos, a pesquisadora oblíqua, a enfermeira oscilante… Com controle quase absoluto, o autor vai despejando pistas nas falas desses depoentes, aumentando a ansiedade do leitor que deseja enxergar a figura completa do quebra-cabeças. Como disse anteriormente, o controle do autor é quase absoluto, já que Cattani desliza em diversos momentos na prosódia de seus personagens, seja porque as falas ficam pouco críveis pelo formalismo das palavras, seja porque os discursos (que deveriam ser claramente distintos) não se impõem como unidades individuais. Quer dizer: a estratégia de tornar os documentos da investigação peças soltas e aparentemente difíceis de encaixar não funciona tão bem quanto se desejaria. Mais de uma vez, o autor tenta explicar algum artificialismo, atribuindo a uma escrivã interferências para uniformizar as falas, mas esse recurso soa mais como desculpa do que como um elemento deliberado.

Apesar disso, O Um é uma novela que merece atenção.

Nas páginas de Cattani, uma produtora de vídeos contribui para que o fenômeno desponte e, literalmente, o Brasil assiste e dá suporte ao surgimento de uma ameaça. Brasil, neste caso, é o videasta Jorge Brasil, joguinho de palavras que não é involuntário. O autor se diverte salpicando personagens na trama, cujos nomes são aliterações sobre nomes verdadeiros.

O leitor atento também poderá se divertir ao reconhecer figuras da política nacional desfilando mal-disfarçadas naquelas linhas…

No seu terço final, entra em cena o delegado Linder que não apenas atua para aglutinar as peças do jogo, mas dá humanidade e tensão narrativa à história. Não se trata de mais um herói típico de histórias criminais, mas de uma esperança legítima que o leitor acalenta por dezenas de páginas. A partir disso, O Um se impõe como uma narrativa que não se contenta apenas a reconstituir um crime, mas a destilar críticas à sociedade e àqueles que lhe dão seus contornos. É o que faz a melhor literatura policial: não se embevece com o sangue das vítimas, mas lança um olhar impiedoso para a cena que nos aterroriza.

O Um dialoga com o nazismo e com sua paródia tupiniquim, o integralismo. Mas também faz referências aos tempos de intolerância e ódio que estamos vivendo nos últimos anos. Não chega a revelar um país diferente, inusitado ou original. Pelo contrário, convida o leitor a reconhecer seu tempo presente, seu país, nossas omissões e escolhas mal feitas. É um momento sombrio e nefasto, terrivelmente familiar. Na telegráfica dedicatória no exemplar enviado, Cattani pergunta: E depois? Eu gostaria de saber responder, e de saber a que desdobramentos aquele inquérito parcial vai levar…

oOo

O pequeno Hitler tupiniquim

Ernani Ssó

Publicado em: 6 de setembro de 2017 no Sul21

Li numa sentada O Um – Inquérito parcial sobre o caso Ingo Ludder, último romance do Antonio D. Cattani. Mas como nem a mim nem ao autor, pelo que conheço dele, interessa a saída mais fácil, distribuir exclamações e adjetivos, vamos com calma. No mais é torcer pra que eu diga coisa com coisa.

Cattani, professor na UFRGS, é mais conhecido, como autor e organizador, pelos livros ligados à sociologia, publicados no Bananão e Argentina, Colômbia, França, Inglaterra, Itália, México e Portugal. O mais badalado – fora da academia, entenda-se –talvez seja A riqueza desmistificada, editora Marcavisual, 2013. Acho que Ricos, podres de ricos, editora Tomo, recém-lançado, deveria ser best-seller: trata-se de uma síntese didática das pesquisas feitas nos últimos dez anos pelo Cattani sobre a acumulação de riqueza pelo pessoal que não faz outra coisa que acumular riqueza e se lixar pro resto da população, algo em torno de 99%.

Além das aulas e pesquisas, ele está metido em vários outros projetos, o que coloca a seguinte questão: onde ele arruma tempo pra escrever ficção? Ou não dorme ou tem uma equipe de elfos domésticos. Aposto na segunda opção, por mais realista.

Cattani começou em 2015 com L (editora Libretos), um romance policial intrincado, com um crime e um amor obscuros, e completamente fora das trilhas tradicionais do gênero. Preciso reler qualquer hora dessas pra ter certeza de que não fui enganado. Em 2016, ainda pela Libretos, lançou Sete dias, um folhetim que escreveu pra se divertir. Agora, em 2017, pela Bestiário, O Um.

Um é como chamam Ingo Ludder, uma espécie de Bolsonaro menos folclórico e brucutu, ou um Dória com o guarda-roupa e a seriedade de sair na imprensa do Sérgio Moro, ou um Trump sem a tagarelice errante e a cabeleira de comercial de Fanta. Apesar de ser um papagaio do pensamento da ultradireita, que gazeou as aulas de História, Ludder parece ter uns dois ou três neurônios a mais que Bolsonaro e, ao contrário do Dória, não age como um camelô mais engomadinho que o normal. Sem o espalhafato do Trump, Ludder tem algo de pastor, um magnetismo meio hitleriano. É bastante sinistro, ou muito sinistro, porque é evidente o vazio que ele é.

Ludder aparece sem um plano, meio como esses malucos que anunciam o fim do mundo pelas esquinas. Mas, diante da reação fanática das pessoas, logo grandes empresários resolvem investir nele. Assim, mesmo que ele diga detestar a política e os políticos, aceita concorrer a uma vaga de senador. Toda uma máquina de propaganda e segurança é montada em torno de Ludder.

Não é fácil falar do personagem. Não temos uma visão frontal dele. O romance é a junção de depoimentos à polícia de pessoas que estiveram envolvidas com Ludder. Quer dizer, o que sabemos é fragmentário, distorcido, com muitas lacunas. Por exemplo, há um segredo envolvendo antepassados de Ludder – talvez seja o caso do racista que esconde um avô negro ou algo assim. Essa visão, de longe e desfocada do personagem, atiça a curiosidade do leitor, mas senti falta de mais detalhes, detalhes de preferência contraditórios. De qualquer forma, dá pra se entrever Ingo Ludder e, através dele, entrever os vermes que fervilham nas entranhas do Bananão.

Outra coisa: as pessoas que fazem os depoimentos. Sabemos quem são, mesmo quando o depoimento é curto, ou incidental. Isso dá lastro ao romance. Sentirmos essas pessoas como reais, gente com quem até cruzamos algumas vezes, em contraste com a imagem distante de Ludder e empresários que ficam nas sombras, nos leva à sensação que temos diante do noticiário: o mundo real, o mundo concreto onde você e eu vivemos, é manipulado por entes incorpóreos, sem nome, sem endereço, sem um propósito claro além do poder pelo poder. Uma personagem se nega a falar de certo ponto pra frente porque sabe que topou com algo muito além de suas forças. Você não conhece esse medo, essa impotência?

Não vou falar do enredo porque isso o leitor tem de viver durante a leitura. Interessa notar que o romance nos dá alguns flagrantes do Bananão atual, com políticos que negam a política, com empresários não apenas corruptos como descarados, com uma Justiça sempre pronta a livrar a cara do pessoal da bufunfa, com marqueteiros macunaímas e gangues de desmiolados que querem resolver tudo no pau. Como se vê, Cattani encara um tema espinhoso, um tema que aparece de modo torto e impreciso na imprensa e que raramente dá as caras na literatura pátria. Bota raramente nisso. Apenas pelo tema O Um já mereceria destaque. Mas além disso Cattani dá uma boa trama, um punhado de personagens reais e o sumiço de Ludder, uma sequência hilária, porque muito provável em seu absurdo grotesco.

Dos romances do Cattani, este me parece o mais ambicioso e o melhor. Rápido, fluente, leve. Cattani começou tarde na ficção, mas começou com uma boa vantagem sobre outros iniciantes: ele conhece o mundo, conhece as pessoas. Sabe-se, sem isso, não há romance nem que a vaca tussa.

PS: É preciso falar da edição da Bestiário: simples, arejada, bonita – realmente profissional. É preciso falar também que não será fácil encontrar o livro, de modo que se deve insistir nas livrarias – pode ser que assim os livreiros descubram que existem autores que não fazem parte da manada de gringos com a pasmaceira de sempre. Quem tem pressa deve ir direto no site da editora.

Ernani Ssó é o escritor que veio do frio: nasceu em Bom Jesus, numa tarde de neve. Em 73, entrou pro jornalismo porque queria ser escritor. Saiu em 74 pelo mesmo motivo. Humor e imaginação são seus amuletos.

Título: 3 MINUTOS PARA MORRER
Autor: José Carlos Rohano Laitano

ISBN: 978-65-60560-40-6
Formato: 16 x 23 cm.
Páginas: 342
Gênero: Romance
Publicação: Bestiário, 2024

Para vingar a morte do irmão, Mar Love sai em busca dos responsáveis, que descobre serem traficantes de armas. Todavia, percebe que, além da venda de armamentos, o objetivo dos bandidos era uma nova ordem mundial. Mar Love decide que seus líderes precisam ser eliminados. Uma narrativa intensa com suspense continuado e final surpreendente, que impede o leitor de interromper a leitura. “Três minutos para morrer” estabelece um novo conceito na literatura policial.

Sobre o autor
O autor ocupa a Cadeira n. 27 da Academia Rio-Grandense de Letras e foi seu Presidente da gestão 2018/19.
Foi redator na área internacional da Rádio Farroupilha (hoje Gaúcha) e repórter policial do jornal Zero Hora, nos anos de 1964/65.
Magistrado aposentado pelo TJRS.
Membro do Conselho de Avaliação do Fumproarte e do corpo de jurados do Prêmio Açorianos de Teatro, ambos da Prefeitura de Porto Alegre, em 1999.
Coordenou os I e II Seminários Nacionais de Direito Autoral, no Rio de Janeiro e Porto Alegre.
Assinou coluna de opinião Paraíso Brasil em jornais do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Finalista no Prêmio Açorianos de Literatura( POA 2003); no Prêmio Off Lip de Literatura Infanto-juenil (Parati, RJ, 2011); Menção Particular no XXVII Premio Mondiale di Poesia, Provincia Reggio Calabria, Itália, patrocínio Unesco (2015).
Único Sócio Honorário da SNC Libri, Roma, Itália.
Ator e produtor de curtas-metragens, sendo que O Tigre e o Sonho foi selecionado para o Festival Internacional de Cinema de Punta Del Este, Uy (2020).
Eleito como suplente no Conselho Estadual de Cultura e Presidente do Conselho Setorial do Livro e Literatura, da Secretaria de Estado da Cultura, RS (2018).
Publicou Narrativas desde o ano 1989: Minha Mulher Chamava-se Jarbas; Crônica da Paixão Inútil; Jogo do Passa-conto; Bianca di Morano,; A Cor Verde do Arco-íris; Chico Mendes – o mito, a mata, a morte; Youssef, o Judeu Errado; História da Academia Rio-Grandense de Letras e Parthenon Litterario; Criação do Texto Literário – da ideia ao texto; O Teatro de José carlos Rolhano Laitano; Adão, Eva e Ouytras Criaturas; Criação do Texto Jurídico; Paraíso Brasil – crônicas de jornal; vários livros de literatura infanto-juvenil e produziu e coordenou várias antologias narrativas. Ao todo, 29 livros.

Olga pede ajuda ao vendedor de livros sem saber que este simples ato mudaria sua vida. Um encontro ao acaso, ocorrido por uma situação completamente inusitada. Seria isso o que chamam de amor à primeira vista?
Neste livro, Rafael Nogueira Fernandes traz reflexões sobre a vida, o universo e tudo mais, por meio do diálogo de duas pessoas comuns – ou nem tanto assim – que, talvez, estivessem predestinadas a se encontrar. Entre vinhos e abstrações, Olga e Alex passam algumas horas de suas vidas à procura de respostas para as questões mais profundas que regem a humanidade, ao mesmo tempo em que tentam responder às suas próprias questões, seus próprios traumas.
Em meio ao turbilhão de sentimentos, surge uma promessa.
Teria o amor um prazo de validade?
Uma narrativa curta, mas extremamente profunda, contada por um narrador improvável: o próprio Amor. “O voo do pássaro caído” começa leve, despretensioso, e nos faz visitar os lugares mais recônditos de nossas almas. Além disso, faz com que mergulhemos em inúmeras possibilidades, inclusive em um futuro distante em que a humanidade mudou e os sentimentos não devem mais existir.
Heloísa Braga
Mestra em Literaturas, PUC – Minas

 

Tabira Estevão apresenta seu primeiro romance trazendo no título a proposta inspirada no poker, o jogo de cartas onde a estratégia vence mais do que a sorte.
“Heads-Up: o único oponente”, aquele que defrontamos diante da adversidade, o “eu” até então adormecido. Uma ficção baseada em fatos e afetos reais, afinal, todo personagem é construído de pedaços meus, seus, e de tantos outros, do que sentimos, como agimos e reagimos, nossas escolhas e prioridades, os caminhos que decidimos seguir. Peças que montam um mosaico de intrigas e conflitos, de segredos e revelações, de mentiras e verdades, uma história que, no seu decorrer, vai direcionando as velas do enredo para navegar num cenário de turbulências constantes, de desafios políticos, sociais, pessoais e emocionais. Ficção e realidade muito próximos, em cada página, em cada capítulo. É possível ver-se inserido em diversos contextos e falas aqui apresentados porque são atemporais, porque sempre haverá um capítulo na história da vida onde nossos sonhos, nossa dignidade, nossa sobrevivência serão colocados contra a parede.

Como em um jogo de pôquer, Tabira Estevão vai distribuindo as cartas ao longo da história. A obra reflete sobre a própria ficção, entrelaçada com personagens que fazem parte da história real do Brasil e outros fictícios. A trama se desenrola em um cenário que transcende o texto, marcado por eventos significativos na nossa história. A narrativa é rica em comparações e símbolos, apresentando personagens complexos e situações intensas. O autor utiliza uma linguagem intensa para retratar os personagens e seus conflitos internos, como Alice, que após uma tragédia pessoal se transforma em uma mulher em busca de justiça. A forma da narrativa escolhida pelo autor permite ao leitor mergulhar profundamente na trama, sentindo as emoções dos personagens e visualizando os cenários descritos. A história é contada de maneira envolvente, mantendo o leitor interessado do começo ao fim. É uma obra que explora a própria linguagem literária, combinando elementos que fazem parte da história e outros que estão além do texto para criar uma narrativa emocionante e envolvente. A habilidade do autor em descrever personagens e cenários de maneira verdadeira torna a leitura uma experiência imersiva e memorável.

SOBRE O AUTOR

1964 foi meu ano. Nasci em agosto, apenas cinco meses depois de instalado o regime de exceção que ainda engatinhava tentando encontrar seu rumo diante de um Brasil aturdido por tantas transformações. Minha infância e adolescência foi passada entre folhas de jornal, máquinas de escrever, dedilhadas por repórteres de ofício, e tintas sob impressoras rotativas, do Jornal Diário Catarinense, pertencente aos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, onde meu pai era diretor e jornalista. Tudo vivido nos duros anos de chumbo da década de 1970. Nasci e sempre vivi na Capital Catarinense, exercendo minha vocação de comunicador, seja no rádio, na TV, na publicidade ou nas Tribunas como Mestre de Cerimonias. Minha formação Acadêmica, trafegada entre cinco áreas das atividades humanas (Economia, Estudos Sociais, História e Geografia, Direito e Jornalismo), me permitiu compor um senso crítico sobre a existência e o funcionamento da sociedade. Desde a adolescência demonstro habilidade para a escrita. Encantava professores e colegas com minhas narrativas envolventes nas aulas de redação, e sempre me disseram que possuo uma verve literária, herdada de meu pai. Com uma paixão inabalável pela comunicação, na escrita sempre encontrei nas palavras uma forma de expressar minhas ideias e sentimentos, criando histórias que capturam a imaginação dos leitores. Este é meu primeiro romance, um trabalho histórico ficcional que me custou alguns anos de pesquisa e dedicação. Mergulhei fundo na busca e compreensão dos fatos que trago neste texto para construir um cenário ficcional autêntico e detalhado, transportando os leitores para uma época passada com precisão e vivacidade. A trama, rica em detalhes e personagens bem desenvolvidos, relata minha observação no contexto das paixões humanas que enaltecem e perseguem os sentimentos mais perniciosos do ser humano, uma profusão psicológica que nos faz pensar o que é mais valioso nesta vida e a importância dos nossos princípios. Meu texto foi pensado como leitor do início ao fim para que se tornasse uma obra de entretenimento imperdível. Mas esse julgamento é seu.

Idioma ‏ : ‎ Português

Capa comum ‏ : ‎368 páginas

ISBN ‏ : ‎9786583197108

Dimensões ‏ : ‎ 21x14cm

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